Usar insetos para tingir era luxo: pedaços de tecido milenar são achados

Cientistas encontraram dois fragmentos de um tecido vermelho na Caverna de Crânios, em Israel. Os pedaços datam de entre 2.000 e 1550 anos a.C. A descoberta foi publicada no periódico Journal of Archaeological Science: Reports no dia 13 de julho.

Por medir não mais do que 1,5 centímetro, encontrar esse tipo de material é bastante raro. Os pesquisadores ainda conseguiram comprovar que ele foi tingido a partir de insetos cochonilhas da espécie Kermes vermilio.

O que aconteceu

Cores serviam como sistema de comunicação. De acordo com os cientistas, as cores faziam parte da comunicação não-verbal no passado e a origem dos corantes está ligada à capacidade econômica e social das sociedades antigas.

Tecidos tingidos de vermelho com insetos eram luxuosos. Para tingir o tecido dessa cor, havia diversas fontes de plantas e animais. Alguns dos tecidos vermelhos mais luxuosos eram produzidos pelos insetos cochonilhas da super família Coccoidae. Esses insetos são parasitas de diversas plantas, mas são difíceis de coletar, por conta de seu pequeno tamanho e sua capacidade de camuflagem.

Moléculas de ácido carmínico das cochonilhas trazem um vermelho vibrante ao tecido. Isso tornava essas peças mais desejadas do que aquelas com tintura proveniente de plantas. Para identificar como os fragmentos encontrados foram tingidos, os pesquisadores aplicaram a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência, ou HPLC, que já é bastante usada desde 1985 para identificar tinturas arqueológicas.

Raridade da amostra

Apesar da importância para pesquisa, arquivos arqueológicos de tecido são raros. Como material orgânico, os tecidos têm rápida decomposição. Entretanto, o ambiente das cavernas de penhasco do Deserto da Judeia, a oeste do Mar Morto, contribuiram para que o material não fosse destruído. Esses locais oferecem um ambiente seco e têm condições microambientais secas e estáveis.

Na Caverna de Crânios já foram encontrados cerca de 430 amostras de tecidos. A caverna primeiro foi escavada em 1960 e, depois, em 2016, por representantes da Autoridade de Antiguidades de Israel e da Universidade Hebraica de Jerusalém.

As cavernas representam episódios temporários de ocupação e serviam de refúgio. Os materiais encontrados variam de 4.500 anos a.C. ao segundo século d.C.

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