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Sakamoto: Maduro abraça Trump para defender a si mesmo de fraude eleitoral

Para se defender das acusações de fraude eleitoral, Nicolás Maduro é capaz até mesmo de se alinhar a Donald Trump, mesmo que isto signifique uma contradição no discurso anti-imperialista do ditador venezuelano, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (1º).

Maduro criticou a atuação do Centro Carter, que solicitou a divulgação imediata dos resultados por seção das eleições venezuelanas. O ditador acusou o órgão de não agir da mesma forma durante o pleito de 2020 nos Estados Unidos, quando Donald Trump reclamou de fraude após ser derrotado por Joe Biden.

Maduro abraça o Trump para poder defender a si mesmo com relação à fraude nas eleições. Vale a pena ele dar uma olhada e consultar antes de fazer essas declarações porque o Centro Carter monitorou as eleições nos EUA em 2020. Também houve uma série de observadores por lá.

Não houve nenhum indício de fraude nas eleições dos EUA e quem gritou foi Trump, que perdeu nas urnas. Se ele tivesse ganhado, teria falado que a eleição foi limpa. Os indícios de fraude foram inventados por Trump, que usou isso para empurrar seus seguidores para atacar o Congresso em 6 de janeiro de 2021, no momento em que os parlamentares chancelavam a vitória de Biden.

Os observadores foram à Venezuela e há dados faltando porque o governo Maduro não garantiu transparência nas atas de votação, na totalização e na contagem dos votos. No caso da Venezuela, há um buraco. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Para Sakamoto, Maduro se sente pressionando e adota discurso semelhante aos de Trump e Bolsonaro, derrotados nas urnas. A diferença para os casos dos EUA e do Brasil, na visão do colunista, está na liberdade de quem fiscalizou as eleições nestes dois países.

Copiando Trump e Bolsonaro, Maduro, ao que tudo indica, perdeu e está apelando. Não podemos afirmar isso categoricamente porque precisamos das atas eleitorais computadas com transparência.

A única diferença é que ele apela sentado na cadeira presidencial de um governo que controla as instituições do país, ao contrário dos EUA de Trump e do Brasil de Bolsonaro, onde aqui e lá havia Justiça, Congresso, imprensa e sociedade civil mais livres do que na Venezuela. Um monte de gente estava controlando e fiscalizando, o que é mais difícil na Venezuela.

As instituições para as quais Maduro pediu para fazer recontagem e análise são conectadas ao madurismo. Esse é o grande problema: na Venezuela, está tudo dominado. Nos EUA e no Brasil, não, o que faz uma grande diferença no final das contas.

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Tudo isso é retórica e mimimi do Maduro, e um sintoma de que ele está se sentindo pressionado. É muito difícil Maduro sair do poder sem os militares lhe darem as costas. Isso mostra que o problema na Venezuela está apenas começando. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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