Raquel Landim

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Reportagem

Observador internacional diz que eleição na Venezuela não foi democrática

O Carter Center, um dos principais observadores internacionais eleitorais, informou por meio de nota nesta quarta-feira (31) que as eleições na Venezuela no último domingo "não atenderam aos padrões de integridade eleitoral e não podem ser consideradas democráticas".

Segundo a entidade, o órgão fiscalizador das eleições venezuelano teve um claro "viés" a favor do ditador Nicolás Maduro.

Conforme o comunicado emitido pela organização, não foi possível "verificar ou corroborar" os resultados declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela e o "fracasso da autoridade eleitoral em anunciar os resultados desagregados constitui uma séria violação dos princípios eleitorais".

"O processo eleitoral na Venezuela não atendeu aos padrões de integridade eleitoral em nenhum dos seus estágios e violou diversas provisões de suas próprias leis nacionais", diz o Carter Center.

"As eleições aconteceram num ambiente de restrições de liberdade dos atores políticos, da liberdade civil e da mídia. Durante o processo eleitoral, o CNE demonstrou um claro viés a favor do titular".

O comunicado segue com extensas críticas ao processo eleitoral venezuelano. Entre as principais violações abordadas estão:

- A campanha de Maduro teve muito mais financiamento e visibilidade e abuso de uso de recursos oficiais, como veículos governamentais, campanhas feitas por funcionários públicos, além do uso de programas sociais.

- O ditador teve uma cobertura muito mais positiva na TV, no rádio, enquanto a oposição quase não apareceu. O governo também tentou restringir as atividades de campanha da oposição.

- Houve relatos de restrição de acesso aos centros de votação para observadores e representantes dos partidos da oposição, pressão sobre os eleitores como checkpoints montados pelo governo perto das seções eleitorais.

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"No número limitado de centros de votação que conseguiu visitar, os times de observadores do Carter Center percebeu o desejo dos venezuelanos de participar do processo de eleição democrático, assim como demonstrar sua ativa participação como mesários, representantes dos partidos e dos cidadãos. No entanto, seus esforços foram minados pela completa falta de transparência do CNE ao anunciar os resultados", finalizou a entidade.

Segundo apurou a coluna, a diplomacia brasileira já havia recebido sinais do governo americano de que o Carter Center faria críticas ao processo eleitoral venezuelano, mas não haveria clareza ainda da sua extensão.

O assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, havia dito que aguardaria o pronunciamento dos observadores internacionais para informar a posição oficial do Brasil.

Um dos observadores com os quais Amorim mais manteve contato durante sua viagem a Caracas foi o Carter Center. A Organização das Nações Unidas também enviou uma missão.

Nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o processo eleitoral venezuelano havia sido "normal" e que a oposição deveria questionar o resultado na Justiça.

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