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Sakamoto: Maduro x Musk é briga interna do campo autoritário

A troca de farpas entre o ditador venezuelano Nicolás Maduro e o empresário Elon Musk reúne duas figuras emblemáticas do campo antidemocrático e do autoritarismo, disse o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (1º).

Maduro considera Musk como um "arqui-inimigo" e o acusa de orquestrar ataques contra a Venezuela. O ditador o desafiou para uma luta, e o empresário aceitou por meio de uma postagem no X (antigo Twitter).

Maduro x Musk é briga interna do campo autoritário, entre personagens que têm ojeriza à democracia plena. Temos visto todos os direitos tungados, o comportamento autocrático durante a gestão de Maduro e, ao que tudo indica, essa tentativa de golpe baseada em fraude eleitoral para permanecer no poder, com todo o ataque à oposição.

Por outro lado, temos Elon Musk, que pode ser um empresário genial, famoso e muito rico, mas é uma pessoa que já provou não ter amor ao diálogo democrático. Não é verdade que ele tenta criar no X, o antigo Twitter, um espaço para debate livre. As pessoas que Musk elege como favoritas, como Donald Trump, conseguem uma visibilidade maior e a conta dele bomba.

Musk não tem qualquer receio de interferir na autodeterminação de qualquer país, muitas vezes sendo questionado se isso não está ocorrendo por conta de interesses comerciais. Discute-se muito que esta intervenção do Musk, sob a justificativa de liberdade de expressão, teria por trás a questão do faturamento de suas empresas, o que mostra um comportamento antidemocrático. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Embora as provocações entre Maduro e Musk sugiram um clima de tensão entre eles, ambos saem ganhando com o acirramento desta rivalidade, avaliou Sakamoto.

É o tipo de briga que não gostaríamos que acontecesse. Isso respinga, gera ruído e afasta o verdadeiro objetivo neste momento, que é o de transparência e a garantia de que a eleição na Venezuela seja legítima, com o verdadeiro vencedor assumindo o poder.

Essa briga interessa a Musk, que não tinha nada a ver com essa história e ganha projeção internacional, e também a Maduro, como um jogo diversionista. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Análise: Netanyahu e Maduro sabem que, se saírem do poder, vão para cadeia

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É possível comparar a situação de Nicolás Maduro na Venezuela à de Benjamin Netanyahu em Israel, já que ambos tentam se perpetuar no poder para escapar da prisão, analisou Maurício Santoro, cientista político e professor de relações internacionais da Uerj.

Faço um paralelo entre a situação na Venezuela e em Israel. O presidente venezuelano e o primeiro-ministro israelense estão em polos ideológicos opostos, mas têm um conjunto de incentivos muito parecido. Eles sabem que, se saírem do poder agora, irão para a cadeia em pouco tempo.

No caso de Israel, isso tem levado a uma série de decisões do governo que tem aprofundado a guerra e dificultado a possibilidade de um cessar-fogo e de um entendimento ali. Já na Venezuela, há essa recusa total do Maduro em aceitar a derrota e fazer de tudo para permanecer como presidente. Maurício Santoro, cientista político

Sakamoto: Maduro abraça Trump para defender a si mesmo de fraude eleitoral

Para se defender das acusações de fraude eleitoral, Nicolás Maduro é capaz até mesmo de se alinhar a Donald Trump, mesmo que isto signifique uma contradição no discurso anti-imperialista do ditador venezuelano, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.

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Maduro abraça o Trump para poder defender a si mesmo com relação à fraude nas eleições. Vale a pena ele dar uma olhada e consultar antes de fazer essas declarações porque o Centro Carter monitorou as eleições nos EUA em 2020. Também houve uma série de observadores por lá.

Não houve nenhum indício de fraude nas eleições dos EUA e quem gritou foi Trump, que perdeu nas urnas. Se ele tivesse ganhado, teria falado que a eleição foi limpa. Os indícios de fraude foram inventados por Trump, que usou isso para empurrar seus seguidores para atacar o Congresso em 6 de janeiro de 2021, no momento em que os parlamentares chancelavam a vitória de Biden.

Os observadores foram à Venezuela e há dados faltando porque o governo Maduro não garantiu transparência nas atas de votação, na totalização e na contagem dos votos. No caso da Venezuela, há um buraco. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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