Ministério Público da Venezuela convoca González a prestar depoimento
O Ministério Público da Venezuela convocou o candidato da oposição nas eleições, Edmundo González, para prestar depoimento nesta segunda (26).
O que aconteceu
O Ministério Público, controlado pelo chavismo, convocou o candidato a prestar depoimento em Caracas às 10 horas da manhã, no dia 26 de agosto. O órgão diz que González deve responder pela publicação das atas eleitorais com as quais a oposição sustenta sua vitória nas eleições de 28 de julho.
Segundo a convocação, o diplomata de 74 anos deverá responder no âmbito de uma investigação penal pelos supostos crimes de "usurpação de funções, falsificação de documento público, incitação à desobediência das leis, crimes informáticos, associação criminosa e conspiração."
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou a convocação do opositor ontem (23). Ele disse que Gonzalez terá que prestar esclarecimentos sobre sua responsabilidade "pela sua obstinação, pela sua desobediência às autoridades legitimamente constituídas".
O procurador acusa a oposição de violência pós-eleitoral. O anúncio da reeleição de Maduro provocou manifestações espontâneas, que foram brutalmente reprimidas pelo governo, deixando 27 mortos, 192 feridos e 2.400 presos, segundo fontes oficiais.
González convocou as organizações políticas e sociais a respeitar o que os venezuelanos decidiram nas urnas em 28 de julho. Ele pediu ainda que os países que acompanham atentamente esta crise pós-eleitoral "se mantenham firmes na defesa da democracia".
Em 6 de agosto, a promotoria abriu investigações contra Gonzalez Urrutia e a líder da oposição Maria Corina Machado. Gonzalez e Machado "anunciam um falso vencedor da eleição presidencial (....) incitam abertamente policiais e soldados à desobediência", segundo o comunicado de imprensa do promotor no início de agosto.
Opositores vivem na semi-clandestinidade
Os dois líderes da oposição vivem em semi-clandestinidade desde o início do mês. Gonzalez Urrutia não é visto em público há quase três semanas.
O Supremo Tribunal validou na quinta-feira (22) a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de 6 anos, informando que transmitiu à acusação o processo de Gonzalez Urrutia, que não compareceu quando convocado pelo Supremo Tribunal.
Nicolás Maduro, de 61 anos, foi proclamado vencedor com 52% dos votos pela Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), que, no entanto, não tornou públicas as atas das seções de voto, alegando ter sido vítima de pirataria informática.
A justificativa do governo é considerada pouco convincente pela oposição e por muitos observadores que veem como uma manobra de Maduro para evitar a divulgação da contagem exata dos votos.
Segundo a oposição, que tornou públicas as atas obtidas graças aos seus mesários, Edmundo Gonzalez Urrutia venceu a votação com mais de 60% dos votos.
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Quero receberSem mostrar as atas, o Supremo Tribunal garantiu ter verificado os relatórios apresentados pelos governantes, bem como a realidade do ataque informático contra a CNE.
Nesta sexta-feira (23), dez países latino-americanos, EUA, OEA e a União Europeia rejeitaram a decisão do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela de validar a reeleição do ditador Nicolás Maduro.
A lista inclui os seguintes países: Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Brasil ainda não se manifestou. O presidente Lula ainda não fez comentários a respeito da decisão do Supremo Tribunal Venezuelano, mas busca com Colômbia acordos para uma posição conjunta.
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