Jamil: Brasil quer evitar troca de farpas com Venezuela e espera diálogo
O Brasil não responderá à publicação da Polícia Nacional venezuelana que indica tom ameaçador ao governo Lula, apurou o colunista do UOL Jamil Chade durante participação no UOL News 2ª edição desta quinta-feira (31).
Perfil oficial do regime de Nicolás Maduro publicou uma foto com a bandeira do Brasil e uma silhueta que remete ao presidente Lula com a mensagem: "quem mexe com a Venezuela se dá mal".
Bom, eu falei agora com o Palácio do Planalto. O Palácio do Planalto disse, por enquanto, nós não iremos responder a uma postagem da Polícia Nacional [da Venezuela]. Não haverá nenhum tipo de reação como essa. A esperança do governo brasileiro é de não levar esse tema justamente para uma troca de ofensas públicas, e trazer ou tentar trazer de volta o caminho de algum tipo de diálogo.
A questão é saber se diante de tudo isso ainda há esperança de diálogo. O que disse hoje pela manhã e volto a dizer é que nós temos uma realidade que é a seguinte: a Venezuela não vai embora da fronteira do Brasil. A Venezuela será sempre fronteira do Brasil, esse tema sempre será um tema que fará parte, inclusive, do tema da segurança nacional do Brasil.
Se o Brasil não quer lidar com isso tudo de forma pública, em alguma instância, ainda que seja de uma forma discreta, o governo brasileiro terá sim de lidar de forma permanente com essa realidade na Venezuela.
Jamil Chade
Tales Faria afirmou que Maduro "é abusado", e lembrou que antes dessa crise, o próprio presidente Lula recebeu ele em Brasília como chefe de Estado.
O Maduro é abusado, a verdade é essa. O Lula foi extremamente bonzinho, delicado com ele. Recebeu o Maduro no Palácio do Planalto. [Depois] o Maduro falou bobagem, disse que o Lula precisava tomar chá de camomila. O Maduro mentiu e disse que ia apresentar as atas para o Amorim. Eles agora estão falando do Amorim como se o Amorim fosse [inimigo].
O Amorim é um sujeito reconhecidamente no meio diplomático. E também aqui no meio político, como sujeito de esquerda, sempre foi, se for colocar o Amorim como um aliado dos Estados Unidos. (...) É uma bobajada do Maduro e vai ficar nisso. Não adianta, o que eles vão fazer? Invadir o Brasil? Não vão.
Os negócios do Brasil com a Venezuela já foram muito grandes na época do Chaves, no primeiro, segundo governo do Lula, no governo Dilma, foram muito grandes. Depois diminuíram barbaramente. Hoje em dia não é um país com que o Brasil tem grandes [relações], seja fundamental. O melhor é você ignorar e dizer ao Maduro que ele tem que tomar chá de camomila, se acalmar. O Brasil fez o que tinha que fazer objetivamente: não bateu boca, no Brics não podia aceitar a entrada, não fez escândalo.
Tales Faria
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