Jamil: Trump pode pressionar Brasil para articular extrema direita mundial

Caso Donald Trump ponha em prática sua intenção de articular a extrema direita mundial em seu retorno à Casa Branca e inclua Jair Bolsonaro nesse plano, o Brasil ficará sob pressão, afirmou o colunista Jamil Chade no UOL News desta quinta (7).

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro disse que a vitória de Trump nas eleições presidenciais dos EUA "é um passo importantíssimo" para a volta dele ao Planalto. O ex-presidente está inelegível pelo menos até 2030 e ainda está no centro de outras investigações, mas demonstrou confiança em um possível apoio do republicano.

Trump só vai ajudar [Bolsonaro] se ganhar alguma coisa com isso. Já vimos isso no primeiro mandato dele e ao longo de sua carreira política e empresarial. Ele não faz nada por solidariedade; a questão é se isso se reverterá em algum tipo de benefício para ele ou para seu movimento de ultradireita.

Trump não é conservador e nem um político de direita, como são Angela Merkel [ex-chanceler da Alemanha] e Emmanuel Macron [presidente da França]. Sabemos que há nos planos dos conselheiros de Trump uma intenção absolutamente clara de fortalecer a extrema direita mundial e de colocar a Casa Branca como epicentro dessa coordenação.

Portanto, se houver algum tipo de interesse por parte de Trump para um fortalecimento da extrema direita no Brasil passando por Bolsonaro, não descarto de forma alguma que haja algum tipo de pressão sobre o Brasil. Jamil Chade, colunista do UOL

Jamil explicou que a pressão de Trump ao Brasil não seria feita de forma direta a instituições como o Congresso Nacional ou o STF (Supremo Tribunal Federal), mas sim fazendo-se valer de seu poder político para influenciar restrições ao país.

Trump pode ir ao Supremo e mudar isso? Não tem como ele fazer isso, mas Trump pode constranger o país no exterior e colocar pressões econômicas, políticas, comerciais e diplomáticas. Tudo isso pode acontecer e já o vimos fazer isso sempre que o interessou. Ele gosta de contar que tem poderes que vão além da soberania americana.

O que temos nos bastidores é uma articulação real da extrema direita mundial. Não há como garantir que ela passará por Bolsonaro. O que é absolutamente certo é que, sob Trump, a extrema direita se organizará pelo mundo de forma muito ofensiva. Só o tempo dirá de que forma isso acontecerá no Brasil.

Achar que dá para ser pragmático com Trump? Só se você oferecer alguma coisa para ele. Jamil Chade, colunista do UOL

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