Lula recebe Xi Jinping no Alvorada para assinaturas de acordos Brasil-China

O presidente Lula (PT) recebe o presidente chinês, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada nesta manhã para assinaturas de acordos nas áreas de infraestrutura, tecnologia, comunicação, commodities e agricultura.

O que aconteceu

Rota da Seda e relação pós-vitória de Trump serão temas do encontro. Lula e Xi têm reuniões marcadas pela manhã e um jantar no Palácio Itamaraty à noite. A Rota da Seda, que liga o Brasil ao oceano Pacífico, e a vitória de Donald Trump nos EUA deverão ser dois dos principais assuntos entre ambos. No Alvorada, deverão também fazer um pronunciamento conjunto à imprensa.

A visita está sendo tratada pelo Itamaraty como um dos momentos estratégicos deste ano. Sob a desculpa de celebrar os 50 anos de relação entre os dois países, o objetivo é mostrar que as lideranças voltaram a se aproximar, depois do que os dois países consideraram um afastamento durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).

Recepção teve desfile de militares diante de Xi, Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. É o protocolo adotado pelo governo brasileiro para a visita de chefes de Estado.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Só de janeiro a outubro de 2024, foram exportados US$ 83,4 bilhões em bens e importados US$ 52,9 bilhões, um negócio total de US$ 136,3 bilhões, com superávit de US$ 30,5 bilhões para o Brasil.

No Brasil desde o início da semana, Xi chegou à capital federal na tarde desta terça (19), direto do G20. Com Lula ainda no Rio, ele foi recebido pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na base aérea de Brasília.

Governo assina com grupo chinês que oferece internet igual à da Starlink. A tecnologia da SpaceSail, baseada em um sistema de satélites de órbita baixa da Terra (LEO, na sigla em inglês), é similar ao que, em mesma escala e número de satélites, atualmente é oferecida pela Starlink, do empresário Elon Musk, e pela francesa E-Space. A operação da chinesa ainda não foi iniciada, sendo prevista para 2026.

Debater Rota da Seda, sem formalizar

A Rota da Seda, projeto chinês de ligação da América do Sul ao Pacífico por meio de ferrovia, deverá ser central no debate. A China tem insistido para que o Brasil, maior e mais estratégico país do subcontinente, entre formalmente na chamada "Iniciativa do Cinturão e Rota" (BRI, na sigla em inglês).

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O Brasil tem resistido. Diplomatas e membros do Planalto explicam que é possível estabelecer parcerias ligadas à infraestrutura e à ferrovia, sem necessariamente integrar formalmente o programa, o que criaria uma série de enclaves e responsabilidades, inclusive políticas.

Deverão ser assinados atos que margeiam a iniciativa. São esperados parceria e investimentos em ferrovias brasileiras, nas áreas de energia e tecnologia e no agronegócio —um dos setores que mais se beneficiariam da ligação com o Pacífico. Parte desses assuntos já foi tratada durante a última visita da comitiva brasileira a Pequim, liderada por Rui Costa, no fim de outubro.

Mundo com Trump no poder

Sem ser explicitado, o futuro presidente dos Estados Unidos também deverá ser foco da conversa. Eleito no início do mês, Trump tem como norte uma forte política protecionista e anti-China —e cobra anuência disso a seus parceiros comerciais.

O Brasil repete que manterá boas relações com ambos, mas o Itamaraty diz entender a delicadeza da situação. Sem que o encontro fosse marcado com as eleições americanas como horizonte, membros do governo brasileiro dizem que esta não deixa de ser, sim, uma boa oportunidade para mostrar que o laço Brasil-China segue forte.

Trump também promete embargos a quem boicotar o dólar, o que está no horizonte do Brics. Com a ex-presidente Dilma Rousseff à frente do banco do bloco, o Brasil é um dos países que lideram a iniciativa de comercializar com moedas locais em vez de usar a norte-americana, um negócio que também favorece a China. Reforçar essa iniciativa deverá ser outra das pautas do encontro.

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