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Rebeldes tomam 3ª maior cidade da Síria e avançam em direção a Damasco

Os rebeldes lançaram uma ofensiva na Síria em 27 de novembro Imagem: OMAR HAJ KADOUR/AFP

Do UOL*, em São Paulo

07/12/2024 19h13Atualizada em 07/12/2024 23h41

Rebeldes sírios anunciaram na manhã de domingo (8; noite de sábado no Brasil) que obtiveram o controle total sobre Homs, a terceira maior cidade do país e localizada ao norte de Damasco. Ao mesmo tempo, os insurgentes avançam.

Mais cedo, eles disseram estar a 20 quilômetros da capital Damasco. Porém, por volta das 23h (horário de Brasília; já domingo na Síria), a administração de Assuntos Militares, que fala pelos rebeldes, emitiu um breve comunicado afirmando que as "forças começaram a entrar na capital", sem nenhum sinal de mobilização do exército. Não foi possível comprovar a veracidade da declaração até o momento.

O que aconteceu

Homs é lar de uma minoria alauita, grupo étnico-religioso do qual Assad faz parte, e fica próxima à fronteira com o Líbano e o Iraque. A cidade está estrategicamente situada na principal rota que conecta o centro da Síria à capital Damasco, e dá acesso a uma base naval e aérea russa —o governo de Vladimir Putin é um dos aliados importantes do governo sírio.

Rebeldes entraram na cidade e tomaram alguns bairros. A ação teria ocorrido depois que as forças de segurança deixaram a cidade às pressas após queimar documentos, informou a Reuters. Rami Abdel Rahman, que lidera o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, também afirmou que as tropas sírias e membros de diferentes agências de segurança saíram da cidade.

Prisioneiros também foram soltos da prisão central da cidade. Um comandante da aliança rebelde, Hassan Abdel Ghani, falou que mais de 3.500 prisioneiros foram libertos —não foi possível checar a veracidade deste número.

Após rebeldes anunciarem entrada em Homs, o Ministério da Defesa sírio negou os relatos. "As informações divulgadas por plataformas midiáticas afiliadas a organizações terroristas sobre a entrada de terroristas na cidade de Homs são infundadas". "A situação é segura e estável, e nossas forças armadas estão posicionadas ao redor da cidade em sólidas linhas defensivas", acrescentou. O governo Assad ainda não se manifestou sobre a alegação do grupo de ter entrado na capital, sede do poder do presidente sírio

Um porta-voz de operações militares dos rebeldes sírios disse que depois de Homs, eles seguiriam para Damasco. "Haverá uma nova Síria baseada na justiça. Não estamos enfrentando um exército de verdade, mas sim uma milícia", disse à Al Jazeera.

No início de domingo (horário local), comandante disse que as forças rebeldes estão olhando para Damasco. Em comunicado, Ghani acrescentou que operações estavam em andamento para "libertar completamente" a zona rural ao redor da capital. Os rebeldes seguem varrendo todo o sudoeste do país nas últimas 24 horas e estabeleceram o controle em várias regiões.

Ofensiva na Síria foi lançada pelos insurgentes em 27 de novembro. Eles já assumiram rapidamente o controle de Aleppo, a segunda maior cidade do país, localizada no noroeste, e de Hama, no centro.

Aproximação de Damasco

"Estamos a menos de 20 quilômetros da entrada sul da capital Damasco", disse o comandante Hassan Abdel Ghani no sábado. Os radicais já tomaram do governo o controle da província de Daraa, no sul do país. Daraa foi o berço de uma revolta contra o governo em 2011.

Ainda no sábado, o ministro do Interior sírio afirmou que forças de segurança estabeleceram um cordão "muito forte" ao redor de Damasco. O anúncio foi feito por Mohamed al Rahmun na televisão estatal depois que as milícias rebeldes anunciaram que avançavam em direção à capital.

Já o Ministério da Defesa também rebateu relatos de que forças de segurança do país teriam se retirado da área rural de Damasco diante do avanço dos rebeldes. A pasta definiu os relatos como "uma campanha de desinformação destinada a espalhar o pânico". Eles ainda acrescentaram que o exército sírio mantém sua posição na região e segue nos arredores de Damasco para enfrentar "qualquer agressão terrorista".

Cerca de 50 mil pessoas foram deslocadas nos últimos dias no noroeste da Síria até o começo deste mês. Os deslocamentos ocorreram após os recentes conflitos entre rebeldes e o governo Bashar al-Assad em meio a uma ofensiva do grupo islamista. A informação é do Ocha (Escritório da ONU para Assuntos Humanitários).

Assad perdeu o controle de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria. O grupo Hayat Tahrir al-Sham, uma antiga filial síria da Al Qaeda, e outras facções rebeldes aliadas "controlam a cidade de Aleppo, com exceção dos bairros controlados pelas forças curdas", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH (Observatório Sírio para os Direitos Humanos).

"Dezenas de soldados mortos". O Exército do país reconheceu o ataque rebelde. Em comunicado, afirma que militantes estavam em grande quantidade, oriundos de diversas direções, e que prepara uma contraofensiva.

As forças de Assad, que têm apoio militar considerável da Rússia e do Irã, nunca perderam tantas cidades em tão pouco tempo desde o início, em 2011, da guerra civil, que deixou mais de 500 mil mortos.

No sábado, países emitiram comunicado afirmando que a situação apresenta um "desenvolvimento perigoso para a segurança do país". O documento —assinado pelo Catar, Arábia Saudita, Jordânia, Egito, Iraque, Irã, Turquia e Rússia— aponta para a "importância de fortalecer os esforços internacionais conjuntos para aumentar a ajuda humanitária ao povo sírio".

Presidência nega fuga de Assad

A presidência negou neste sábado (7) os boatos de que Assad teria abandonado Damasco. Autoridades iranianas também reforçaram que o aliado e os familiares não fugiram da capital ou do país, informou hoje um membro de comitês de política externa do parlamento iraniano, segundo a Press TV.

Assad "está dando continuidade ao seu trabalho e deveres nacionais e constitucionais na capital", acrescentou a presidência. Apesar das falas, o paradeiro exato do presidente sírio é desconhecido e, segundo relatos, ele não é visto há dias, informou a Al Jazeera.

(Com AFP, Deutsche Welle e Reuters)

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