Índios que eram isolados pegam gripe, são medicados e voltam para aldeia
Você viu a notícia do começo de julho de índios que viviam isolados na Floresta Amazônica que entraram em contato com outros índios e agentes da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Acre? Então, todo o grupo de sete índios pegou gripe.
Eles já retornaram às suas malocas, depois de receberem atendimento médico dado pelo governo.
"Essa situação é preocupante, pois como eles têm pouquíssima imunidade, o quadro poderia ter evoluído para uma pneumonia, colocando-os em risco de morte. Além disso, temíamos que o grupo do contato, composto por sete indivíduos, pudesse contagiar os demais integrantes de seu povo ao voltar gripado para a aldeia onde residem. Tivemos êxito, pois agimos na hora certa e conseguimos medicá-los antes de um eventual agravamento do quadro", relatou Douglas Rodrigues, médico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que prestou atendimento aos indígenas na ocasião.
O contato foi feito com a Frente de Proteção Etnoambiental Envira da Funai e com indígenas do Povo Ashaninka, na Aldeia Simpatia, da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no Estado do Acre. O grupo se deslocou para a Base de Proteção Etnoambiental Xinane, onde foi possível realizar o atendimento médico.
As equipes da Funai e do Ministério da Saúde retornarão à área no próximo mês para vacinar contra a gripe o maior número possível de indígenas desse grupo. Para Douglas, "chegando a tempo e montando uma estrutura, é possível ter um resultado positivo".
De acordo com informações dos intérpretes que integram a equipe da Funai, os índios pertencem a um subgrupo do tronco linguístico Pano. O contato e a permanência do grupo de isolados na região ocorreu de forma pacífica.
A equipe da FPE Envira e o sertanista José Carlos Meirelles, da Assessoria Indígena do Governo do Estado do Acre, vinham acompanhando a aproximação dos índios isolados desde o dia 13 de junho.
Índios relatam violência na fronteira
Os índios também relatam, por meio de intérpretes, que sofreram violência praticada por não índios nas cabeceiras do rio Envira, que se localiza em território peruano.
Agora, a Funai planeja reativar permanente a Base Xinane da FPE Envira. Os trabalhos consistirão em ações de monitoramento dos povos indígenas isolados buscando identificar possíveis ameaças às suas vidas e territórios. Por tratar-se da região de fronteira Brasil-Peru, há um plano de ação no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica firmada entre a Funai e o governo peruano em março deste ano.
A Funai trabalha em um plano de intervenção, em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, com o atendimento à saúde desse grupo de forma imediata, diminuindo o impacto do contato. Desta maneira, os índios que contraíram a gripe já foram imunizados.
Além disso, o plano pretende estabelecer uma relação de confiança entre os servidores, os povos vizinhos e os isolados.
"Esse plano precisa ter prosseguimento. Nossas equipes devem estar preparadas para agir, caso o grupo volte ao local e demande ou precise de qualquer tipo de apoio", destacou a presidenta da Funai, Maria Augusta Assirati, durante reunião com o ministro da saúde, Arthur Chioro, na útima sexta-feira (18).
A Frente de Proteção Etnoambiental Envira monitora 4 grupos de povos indígenas isolados confirmados na região. A Politica de Proteção aos Índios Isolados da Funai tem a premissa do não contato, respeitando a vontade dos povos e realizando o trabalho de proteção do território ocupado por eles.
As ações de intervenção são previstas apenas quando o grupo indígena isolado procura estabelecer o contato ou quando algum fator coloque o grupo em risco.
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