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Florianópolis bate pela 2ª vez recorde de "cidade que mais recicla óleo"

Homem recolhe óleo usado, em Santa Catarina - Divulgação ReÓleo
Homem recolhe óleo usado, em Santa Catarina Imagem: Divulgação ReÓleo

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis (SC)

04/11/2015 09h54Atualizada em 04/11/2015 14h58

Sabe aquele óleo de cozinha velho? Ele pode ser descartado em um dos 250 pontos de coleta de Florianópolis (SC) e evitar danos ao meio ambiente. Nos últimos 17 anos, mais de três milhões de litros de óleo deixaram de ir para o ralo ou para o lixo por causa de um programa de reciclagem de óleo, o ReÓleo, da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis).

Por ações como essa, a cidade ganhou pela segunda vez o título do Guinness Book de "cidade que mais recicla óleo no mundo". Os danos do descarte inapropriado são severos, explica a bióloga Natália Zanotelli Borges. “Nos rios, lagos e mares, o óleo deprecia a qualidade das águas e sua temperatura sob o sol pode chegar a 60ºC, matando animais e vegetais microscópicos, que seriam alimentos para animais maiores, assim há todo um desequilíbrio”, disse.

A mortalidade dos peixes é sentida pelo pescador Aniltom da Silva, 48 anos, que vive no Campeche, no Sul da Ilha. “Cada dia é mais difícil. Os peixes estão sumindo, indo para alto mar, onde só os barcos industriais conseguem pegá-los. As pessoas jogam tudo na água, esgoto, lixo, um dia encontrei até um sofá. Essa história do óleo é complicada, o povo não sabe que mata os bichos. Acho que em poucos anos não teremos mais pesca artesanal na ilha”, disse.

O diretor da Amola (Associação dos Moradores da Lagoa da Conceição) Alésio dos Passos Santos também percebe os malefícios que o óleo traz à natureza. “Na orla há muitos restaurantes, nem todos descartam o óleo do jeito que tem que ser. Podemos ver pela cor da água o sofrimento da Lagoa. Também surgiram algas enormes para tentar drenar a poluição e oxigenar a água”, disse.

Quando entra no sistema municipal de esgoto, o óleo entope encanamentos, dificulta e encarece o tratamento, explica Moura. E, no ambiente, em condições de baixa concentração de oxigênio, pode haver transformação em gás metano, que gera combustão. Luiz Falcão de Moura, diretor do ReÓleo

Óleo de cozinha velho pode virar sabão

Antes de entrar para o Guinness, o ReÓleo criou uma estrutura de coleta em 250 pontos de entrega, situados em escolas, postos de gasolina, supermercados e condomínios de Florianópolis. O programa também envolve mais de 1.300 estabelecimentos comerciais.

Um dos primeiros empresários a participar do programa foi o dono dos restaurantes Mirantes, Marcelo João Lourenço. Ele conta que entrega cerca de 800 litros de óleo por mês. "Esse é um projeto simples, fácil de aderir e que nos deixa tranquilos, pois sabemos que o nosso trabalho não causa dano ambiental”, disse.

Os galões de óleo de cozinha coletados são acondicionados na sede da (Comcap) Companhia de Melhoramentos da Capital. Quando há galões suficientes, um caminhão de Curitiba (PR) os recolhe. Na empresa paranaense Ambiental Santos, o óleo é transformado em produtos de limpeza.

Segundo o ReÓleo é possível transformar óleo em sabão e detergentes, em composição de plásticos, tintas e borrachas, na formulação de cosméticos, em energia para fábricas e na construção civil para desmoldar pavimentos.