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Trump anuncia nesta quinta-feira decisão sobre Acordo de Paris

Mark Lennihan/AP
Imagem: Mark Lennihan/AP

Em Washington

01/06/2017 00h28

O presidente Donald Trump informou na noite desta quarta-feira (31) que anunciará na quinta (1º), às 19h GMT (16h, em Brasília), sua decisão sobre a permanência ou não dos Estados Unidos no Acordo de Paris sobre mudança climática.

"Anunciarei minha decisão sobre o Acordo de Paris na quinta-feira às 3:00 P.M. No Rose Garden da Casa Branca. VAMOS FAZER A AMÉRICA GRANDE DE NOVO!", tuitou o presidente, repetindo seu slogan de campanha.

Concluído no final de 2015 na capital francesa por mais de 190 países, este acordo visa limitar o aumento da temperatura mundial por meio da redução das emissões de gases do efeito estufa.

A saída dos Estados Unidos seria um revés para a "diplomacia do clima" que, há menos de 18 meses, comemorava um acordo histórico, com Pequim e Washington (durante a Presidência Obama), entre os arquitetos do projeto.

A questão dividiu profundamente a recente cúpula do G7 na Sicília (Itália), onde todos os participantes, com exceção de Trump, reafirmaram seu compromisso com o Acordo de Paris.

A ministra canadense do Meio Ambiente, Catherine McKenna, pediu ao governo americano que não abandone o Acordo de Paris.

"Estaremos na mesa desempenhando nosso papel porque acreditamos que é o que se deve fazer e faz sentido desde o ponto de vista econômico", disse McKenna, fazendo alusão a uma "grande oportunidade econômica" no desenvolvimento e implementação das "tecnologias limpas".

Uma autoridade europeia afirmou nesta quarta-feira que a União Europeia e a China vão apoiar o Acordo de Paris durante uma cúpula no próximo final de semana em Bruxelas, seja qual for a decisão do presidente Donald Trump a este respeito.

"Iremos publicar uma declaração comum sobre as mudanças climáticas, na qual a UE e a China, como grandes emissoras de CO2, vão afirmar que irão implementar o acordo", informou a fonte, que pediu anonimato, a jornalistas em Bruxelas.

Durante a campanha, Trump insistiu em acabar com a "guerra contra o carvão" e prometeu "anular" o acordo.

Mas desde que tomou posse, em 20 de janeiro, enviou sinais mistos, reflexo das correntes conflitantes que permeiam sua administração sobre a questão climática e outros assuntos.

O diretor da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Scott Pruitt, defendeu abertamente a saída do acordo, considerando-o "ruim" para os Estados Unidos.

"Incapacidade" de crescer

Já o mundo dos negócios defendeu, em sua grande maioria, a permanência no Acordo de Paris.

Vários grandes grupos, incluindo a petrolífera ExxonMobil, a gigante agroquímica DuPont, ou ainda Google, Intel e Microsoft, pressionaram Trump para que não saia do acordo.

Os acionistas da ExxonMobil votaram por ampla maioria nesta quarta-feira a favor de uma proposta que visa obrigar a empresa a avaliar o impacto financeiro das políticas sobre o clima sobre sua atividade após o Acordo de Paris.

Apesar da oposição da ExxonMobil à proposta, 62,3% dos acionistas votaram a favor dessa resolução, apoiada por ambientalistas e apresentada pelo Fundo de Aposentadoria do Estado de Nova York.

Uma solução proposta por alguns membros da administração americana seria permanecer no acordo, mas reavaliando os objetivos assumidos.

Isso permitiria aos Estados Unidos se manter na mesa de negociações, ao mesmo tempo em que enviaria, internamente, um sinal de ruptura com o governo democrata de Obama.

Ao contrário do Protocolo de Kyoto (1997), o acordo concluído em Paris não é vinculante e os compromissos nacionais são voluntários.

O objetivo dos Estados Unidos definido pela administração Obama é uma redução de 26% a 28% das suas emissões de gases de efeito estufa até 2025 em relação a 2005.

Trump criticou estes objetivos em várias ocasiões, considerando-os altos demais.

"Sabemos que os níveis aos que a administração precedente se comprometeu seriam muito incapacitantes para o crescimento econômico americano", indicou Gary Cohn, conselheiro econômico de Trump.

De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) publicado esta semana, o número de pessoas empregadas no setor de energias renováveis passou de 7 milhões em 2012 a 9,8 milhões em 2016. Em 2030, esse número poderia alcançar 24 milhões, "compensando as perdas de emprego no setor dos combustíveis fósseis".

Além da questão econômica, há ainda o ceticismo de Trump em relação às mudanças climáticas, que são objeto de um amplo consenso científico.

Questionado na terça-feira sobre este assunto, o porta-voz da presidência americana, Sean Spicer, foi evasivo.

O presidente acredita no impacto das atividades humanas nas mudanças climáticas? "Eu não posso responder, não perguntei a ele", respondeu Spicer.