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Aberto polêmico leilão de chifres de rinoceronte na África do Sul

Érico Hiller
Imagem: Érico Hiller

23/08/2017 19h04

Um leilão de chifres de rinoceronte, cujo comércio internacional é ilegal desde 1977, teve início nesta quarta-feira (23), após o fracasso das autoridades sul-africanas em bloquear a venda.

Principal criador de rinocerontes do mundo, o sul-africano John Hume vai leiloar 264 chifres. O peso total do lote é de quase meia tonelada.

Organizado on-line e no ar até sexta-feira, o leilão é legal, já que, em abril passado, a Justiça sul-africana suspendeu definitivamente a moratória do comércio doméstico dos chifres desse animal.

As peças do leilão provêm da propriedade de Hume, na província sul-africana do Noroeste, onde 1.500 rinocerontes têm seus chifres retirados regularmente, ao ar livre, após serem anestesiados por um veterinário.

Com essa venda, "esperamos evitar que os rinocerontes sejam caçados clandestinamente" e "desbloquear fundos para financiar a reprodução e a proteção dos rinocerontes", justifica John Hume em sua página na Internet.

Os rinocerontes são vítimas em larga escala da caça ilegal. Compostos de queratina, seus chifres são transformados em pó, usado na medicina tradicional asiática.

Para alimentar esse tráfico tão lucrativo, mais de mil animais são sacrificados todo o ano na África do Sul. Cerca de 80% da população mundial desse animal vive no país. O quilo do chifre pode chegar a US$ 60 mil no mercado negro.

Os potenciais participantes desse leilão seriam "especuladores de matérias-primas que antecipam" uma suspensão da proibição, disse à AFP Pelham Jones, que dirige a Associação Sul-Africana de Proprietários Privados de Rinocerontes.

Outros potenciais compradores são "sul-africanos de origem asiática que usam o chifre", acrescentou.

O governo sul-africano tentou impedir o leilão, sem sucesso. No último domingo (20), a Justiça lhe ordenou que concedesse uma permissão de venda a John Hume.