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"Ventos do Diabo" alimentam incêndios na Califórnia e devem piorar

Henry Fountain

The New York Times

03/11/2017 04h00

Ventos poderosos, quentes e secos, como aqueles que têm atiçado grandes incêndios florestais na Califórnia, são uma ocorrência comum na Califórnia (EUA), resultado de padrões atmosféricos regionais que se desenvolvem no outono.

O impacto das alterações climáticas sobre os ventos é incerto, embora alguns cientistas achem que o aquecimento global pode pelo menos fazer com que os ventos se tornem mais secos. "Isso é um parâmetro chave para o risco de incêndio", disse Alex Hall, pesquisador de clima na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Esses fenômenos, conhecidos como ventos do Diablo no norte da Califórnia, e ventos de Santa Ana, mais ao sul, têm sua origem no deserto da grande bacia de Nevada e em partes de Utah. A massa de ar de alta pressão que se forma nessa região flui em direção à massa de ar de baixa pressão encontrada na Califórnia e na costa.

Ao longo do caminho, o ar desce para altitudes mais baixas, o que provoca sua compressão, tornando-se mais quente e mais seco. Ele ganha velocidade quando desce e se afunila através de desfiladeiros ou de picos menores que seus vizinhos.

O resultado são ventos quentes e secos com velocidades que podem exceder 112 km/h. Nos incêndios que devastaram partes da região vinícola do norte do Estado, as rajadas mais fortes foram registradas no Condado de Sonoma, 127 quilômetros por hora.

Hall disse que a mudança climática pode fazer com que estes ventos fiquem ainda mais violentos e secos. Isso porque, se o ar sobre o deserto da grande bacia ficar mais quente, sua umidade relativa diminui. Então, ao desce para a Califórnia, ficará ainda mais seco.

"É provável que seja uma característica bastante marcante desses eventos daqui para frente", disse ele.