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Arte debaixo d'água: como esculturas são utilizadas para recuperar a vida marinha nos EUA

UMA / EFE
Imagem: UMA / EFE

Ivonne Malaver

Da EFE, em Miami (EUA)

28/07/2018 04h01

A estratégia de ampliar com recifes artificiais as populações de peixes na Flórida e o desejo de estimular a criação artística se uniram em um projeto, o Museu de Arte Submersa (UMA, na sigla em inglês).

Sete grandes esculturas feitas com materiais ambientais permitidos foram as escolhidas para a exposição inaugural, disse à Agência Efe Melissa Wheeler, da Aliança Cultural de Artes do condado de Walton (CAA).

A estas obras, colocadas a cerca de 20 metros de profundidade e em frente ao parque estadual Grayton, se somarão outras, que logo também se transformarão em refúgios de vida marinha para impulsionar a pesca e o turismo na região.

26.jul.2018 - A obra "The Grayt Pineapple" (brincadeira entre as palavras "grande" e "cinza", além de abacaxi) é mergulhada no Golfo do México na Flórida, EUA, para compor o Museu da Arte Submersa - UMA / EFE - UMA / EFE
26.jul.2018 - A obra "The Grayt Pineapple" (brincadeira entre as palavras "grande" e "cinza", além de abacaxi) é mergulhada no Golfo do México na Flórida, EUA, para compor o Museu da Arte Submersa
Imagem: UMA / EFE
As peças, disse Wheeler, devem ser trabalhadas exclusivamente em "concreto limpo, calcário, aço inoxidável e alumínio".

Nos dois últimos anos, a CAA e a Associação de Recifes Artificiais de South Walton (SWARA) se empenharam para criar o primeiro museu subaquático permanente do país para impulsionar o meio ambiente, a arte e, de quebra, a economia local.

Desde 2013, o grupo ambientalista instalou mais de uma dezena de recifes artificiais no litoral do condado de Walton, cujos frutos começam a ser vistos com exemplares jovens de pargo vermelho, garoupas e peixes-espada, bem como de polvos e tartarugas marinhas.

O novo recife "artístico" se soma a cerca de 2,7 mil nos 34 condados litorâneos da Flórida, criados com diversos propósitos, como repor populações locais de vertebrados e invertebrados marítimos, diminuir a perda local de habitat e promover a observação da fauna marinha e da pesca.

Em Walton, Andy McAlexander fundou a SWARA com a ideia de aumentar o habitat para peixes e ostras, e impulsionar o turismo com atividades como mergulho, pesca e safáris submarinos fotográficos.

Obra "Autorretrato", do artista Justin Gaffrey, é submersa no Golfo do México. A escultura é uma das sete produzida com materiais ambientalmente corretos para uma exposição embaixo d'água em frente ao parque estatal Grayton na Flórida. - UMA / EFE - UMA / EFE
Obra "Autorretrato", do artista Justin Gaffrey, é submersa no Golfo do México. A escultura é uma das sete produzida com materiais ambientalmente corretos para uma exposição embaixo d'água em frente ao parque estatal Grayton na Flórida.
Imagem: UMA / EFE
Em uma área onde o leito do Golfo do México é 95% um arenal estéril, os recifes ajudaram a criar estas opções recreativas.

Devido ao fato de South Walton ter águas profundas muito perto do litoral, os recifes artificiais estão abertos para snorkel, caiaque, pesca e natação, sem necessidade de se chegar em uma embarcação.

A mostra inaugural do UMA conta, entre outras esculturas, com um abacaxi, da artista Rachel Herring, um polvo de Allison Wickey e um veado de Justin Gaffrey, entre outras peças, todas submersas, amarradas em um pedestal de mais de uma tonelada, que foram incrustadas com calcário para atrair os corais.

Além disso, inclui um crânio de uma estranha criatura que batizaram como SWARA e que ficará no centro do recife.

A diretora-executiva da CAA, Jennifer Steele, agradeceu o apoio e interesse nacional e internacional despertados pelo museu, que já abriu a convocação para artistas interessados em enviar obras para a mostra de 2019.

26.jul.2018 -  "Swara Skull" (Caveira Swara), do artista Vince Tatum, é mergulhada para formar o "Museu da Arte Submersa", que reúne sete esculturas feitas com material ambientalmente correto debaixo d'água - UMA / EFE - UMA / EFE
26.jul.2018 - "Swara Skull" (Calavera Swara), do artista Vince Tatum, é mergulhada para formar o "Museu da Arte Submersa", que reúne sete esculturas feitas com material ambientalmente correto debaixo d'água
Imagem: UMA / EFE
A CAA afirmou que não existe uma regra única, mas que a essa profundidade funcionam melhores peças grandes, altas, pesadas e que além disso não tenham tantos detalhes.

"Queremos que os recifes sejam um recurso educacional vivo", explicou McAlexander.

"Usaremos ele para ensinar aos moradores, visitantes e crianças sobre a variedade de recursos naturais que existem ao alcance", acrescentou o fundador da SWARA.

Por outro lado, afirmou que a "perspectiva quando se vê escultura em um ambiente marinho é drasticamente diferente de quando se está em terra".

O fundador da SWARA contou que, logo depois de submergir as esculturas, ele mesmo mergulhou no mar e imediatamente confirmou que o propósito da iniciativa tinha sido cumprido, "ao ver milhares de peixes circulando pelas estruturas, validando totalmente todo o esforço

26.jul.2018 - A escultura Caveira Swara, a 20 metros da superfície no Museu da Arte Submersa - UMA / EFE - UMA / EFE
26.jul.2018 - A escultura Caveira Swara, submersa no Museu da Arte Submersa
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