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Espécies raras e corais: óleo vazado no Nordeste ameaça biodiversidade

2.out.2019 - Tartaruga coberta de óleo encontrada na praia de Itatinga, em Alcântara, no Maranhão - Julio Deranzani Bicudo/Reuters
2.out.2019 - Tartaruga coberta de óleo encontrada na praia de Itatinga, em Alcântara, no Maranhão Imagem: Julio Deranzani Bicudo/Reuters

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/10/2019 04h00

Além das belezas naturais, a costa nordestina é marcada por uma biodiversidade pouco encontrada nos mares pelo mundo. É nela que está, por exemplo, a segunda maior barreira de recifes do mundo e diversas espécies ameaçadas de extinção. Todos correm risco por conta do vazamento de óleo que já atingiu 62 municípios da região.

"Nós temos registro de todas as cinco espécies de tartarugas que vivem no Brasil, aves —inclusive uma grande quantidade de aves migratórias que chegam à região todos os anos—, sem contar a grande diversidade de peixes. Nós temos uma riqueza de biodiversidade que está sendo comprometida com esse grave incidente", afirma Flávio Lima, coordenador do Projeto Cetáceos da Costa Branca da UERN (Universidade Estadual de Rio Grande do Norte).

Lima destaca que, entre as espécies ameaçadas, está o peixe-boi marítimo. "Ele é a espécie mais ameaçada do Brasil, encontra-se em uma situação crítica em termos de conservação", explica. "Também temos espécies de tartarugas que estão na lista de ameaçadas", completa.

Até o momento, dez tartarugas marinhas e uma ave morreram por conta do vazamento, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis). Outras oito tartarugas foram encontradas cobertas por óleo.

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Alimentação em risco

Um dos principais riscos a essas espécies está na contaminação dos locais de alimentação. Autoridades tentam traçar estratégias para avaliação e monitoramento dos danos e riscos à flora marinha.

"Esses animais utilizam alimentos que são formados em bancos de algas e outros organismos. De acordo com a movimentação da maré, eles servem como fonte de alimento para peixes-bois e tartarugas. É uma preocupação grande as áreas de alimentação para esses animais. E isso influencia toda a cadeia antrópica, atingindo moluscos e crustáceos, mas também outros organismos como peixes e animais maiores", diz.

Outra questão ambiental está nos bancos de corais. A principal aglomeração é a chamada Costa dos Corais, que tem 130 km entre Alagoas e Pernambuco. O local é o segundo maior banco de arrecifes do mundo.

Segundo Cláudio Sampaio, conselheiro da APA (Área de Proteção Ambiental) Costa dos Corais e professor dos cursos de engenharia de pesca e biologia da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), a área é a maior unidade de proteção marinha costeira do Brasil, onde existem diversas espécies ameaçadas de extinção.

"Como os corais são animais fixos sobre as formações recifais, durante a baixa maré, ficam expostos à chegada do óleo. Isso é bastante preocupante porque essas áreas já sofrem com o turismo desordenado, com o lançamento de esgoto, com a sobrepesca e mais recentemente com o aquecimento global —que vem fazendo com que esses corais fiquem branqueados", diz.

Para ele, a chegada desse óleo pode sufocar não só os corais, mas toda a fauna associada a eles. "Isso gerará um prejuízo gigantesco. Os corais têm um crescimento muito lento. São milímetros por ano", afirma.