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Em carta, ONGs pressionam Macron a abandonar acordo entre UE e Mercosul

16/09/2020 18h48

Paris, 16 set (EFE).- Um grupo de 30 ONGs com sede na França insistiram nesta quarta-feira para que o presidente do país, Emmanuel Macron, "enterre definitivamente" o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul, com o argumento de que o pacto terá um impacto "desastroso" no clima, nas florestas e nos direitos humanos.

"Senhor residente, é preciso se opor e garantir que este acordo comercial seja rejeitado pelos Estados-membros da UE e enterrado definitivamente", pressionaram as ONGs em carta enviada ao mandatário.

A petição, que pode ser assinada online na página de uma das responsáveis pela iniciativa, CCFD-Terre Solidaire, também se baseia em um estudo divulgado hoje por essa organização, junto ao Greenpeace, que detalha os principais riscos do acordo.

Entre eles estão a pressão sobre os ecossistemas, a explosão da produção de gado e industrial, e a falta de linhas vermelhas claras para suspender o acordo em caso de violação dos direitos humanos.

Após as várias manifestações públicas feitas por Macron em rejeição ao pacto comercial nos últimos anos, as ONGs perguntam ao presidente por que razão, apesar desta oposição, o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, celebrou no dia 2 de julho a conclusão das negociações para o acordo.

"Com este acordo, a UE se prepara para passar um cheque em branco às multinacionais para impulsionar o comércio transatlântico entre estas duas regiões, à custa de todas as considerações sociais e ambientais", dizem os signatários.

Enquanto se aguarda o relatório que o governo francês pediu a uma comissão de especialistas em julho de 2019, e que deverá ser publicado nos próximos dias, as ONGs insistem que os dados são irrefutáveis e que o pacto aumentaria a pressão sobre os direitos humanos e os ecossistemas na América Latina.

Além disso, as organizações pedem que Macron se baseie em uma alternativa plausível baseada em curtos-circuitos, reforçando a soberania alimentar, adotando normas sociais e ambientais universais e ambiciosas, e exigindo regras europeias e internacionais para as multinacionais, que hoje "impõem a sua lei de ambos os lados do Atlântico".

"Se você realmente é um ambientalista, abandone o acordo", pressionam as organizações.

Entre as ONGs que assinaram a carta estão CCFD-Terre Solidaire, Greenpeace, Planète Amazone, Sinapsis, France Amérique Latine, Attac France, Sherpa, ZEA, Confédération Paysane e Fondation Nicolas Hulot, além de outros grupos e sindicatos.