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Capa da Vogue, Greta Thunberg diz que crise climática é 'elefante na sala'

Greta Thunberg, capa de agosto da Vogue Escandinávia, diz que discutir a mudança climática causa incômodo - Divulgação
Greta Thunberg, capa de agosto da Vogue Escandinávia, diz que discutir a mudança climática causa incômodo Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

09/08/2021 13h31Atualizada em 09/08/2021 13h33

Capa de agosto da Vogue Escandinávia, a ativista Greta Thunberg diz que as discussões sobre a crise climática causam incômodo e que a pandemia da covid-19 mostrou que líderes mundiais nunca trataram o tema como uma crise, de fato.

"Como nós, ativistas do clima, dizemos desde o primeiro dia, não podemos resolver uma crise sem tratá-la como uma crise. Se a pandemia nos mostrou algo é que a crise climática nunca foi tratada como crise ", afirmou em entrevista.

Às vezes me vejo como um disco quebrado que repete as mesmas coisas indefinidamente. Pode ficar um pouco repetitivo, mas isso é apenas um sinal de que as pessoas não estão realmente ouvindo, então devemos repetir as mensagens até que cheguem às pessoas."
Greta Thunberg em entrevista à Vogue

Em 2018, a jovem sueca Greta deu início a um movimento internacional de estudantes que pedia medidas concretas para combater as mudanças climáticas. A iniciativa rendeu uma campanha pelo Prêmio Nobel da Paz —vencido por Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro da Etiópia.

"Algo que pensei muito no início da pandemia foi que de repente você viu líderes mundiais e pessoas muito poderosas dizer 'vamos ouvir a ciência, não vamos priorizar os interesses econômicos sobre a saúde pública, faremos de tudo porque não se pode colocar um preço em uma vida humana'", diz. "Só de dizer essas palavras você abre uma dimensão totalmente nova. Se você apenas aplicar isso a qualquer outra questão —a crise climática é apenas um exemplo —isso colocará tudo de cabeça para baixo completamente.

Greta diz que a crise climática é vista através de lentes econômicas e que líderes mundiais a discutem apenas quando há impactos nos indicadores de emprego ou impactos de curto prazo, que causarão consequências a longo prazo. "Podemos tratar uma crise como uma crise. A mídia pode tratar uma crise como uma crise. Podemos mudar nosso comportamento e podemos mudar nossas normas sociais".

A crise climática é o maior elefante que já se viu em uma sala. Precisamos conversar sobre isso, mas é muito incômodo. As pessoas não querem falar sobre isso porque arriscam seu status social, sua popularidade ou às vezes até seu emprego."
Greta Thunberg em entrevista à Vogue

À Vogue, Greta também criticou o fast fashion —em junho, a C&A anunciou que lançará coleções criadas em 24 horas, que serão vendidas no calor do consumo pautado pelas redes sociais.

"Se você está comprando fast fashion, está contribuindo para essa indústria e encorajando-os a se expandir e encorajando-os a continuar seu processo prejudicial", afirmou Greta. "É claro que entendo que, para algumas pessoas, a moda é uma grande parte de como elas querem se expressar e se expressar."

Greta contou que não compra nada novo há três anos. Ela também parou de comer carne e laticínios e só viaja de trem ou transporte público, quando possível.

"A última vez que comprei algo novo foi há três anos e era de segunda mão. Eu apenas peço coisas emprestadas de pessoas que conheço", contou à Vogue.

O ativismo de Greta começou em 2018, quando a sueca, então com 15 anos, faltou à aula para protestar contra as recentes ondas de calor e os incêndios que afetaram o país. Ela se sentou em frente ao Parlamento da Suécia com um cartaz com os dizeres: "Em greve escolar pelo clima".

O protesto solitário de Thunberg ganhou o noticiário e inspirou jovens de todo o mundo a criarem mobilizações às sextas-feiras, para que políticos e autoridades mundiais cumprissem as metas de emissão de gases causadores do efeito estufa. O movimento, que ficou conhecido como "Fridays for Future", culminou em uma greve escolar global no dia 15 de março de 2018, com protestos em mais de cem países.

Ela já foi alvo de políticos como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a chamou de "histérica". Greta também foi acusada de ser "uma falsa santa" e de estar a serviço de ONGs ambientalistas e empresas que querem explorar o "mercado verde".

Em um segundo, sou controlada por meus pais, não consigo pensar por mim mesma; no próximo segundo eu sou uma criança malvada e manipuladora."
Greta Thunberg em entrevista à Vogue

"Você tem que ver isso de uma perspectiva mais ampla", diz Greta ao ser questionada sobre as críticas que recebe de políticos. "Por que eles estão escrevendo esse tipo de coisa? É porque eles acham que estamos falando muito alto e querem nos silenciar, seja nos assustando, nos intimidando ou espalhando dúvidas sobre nós para que as pessoas não acreditem no que estamos dizendo, para que não nos levem a sério. E isso eles fazem espalhando mentiras, ódio, zombaria e assim por diante".