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Antepassado das cobras tinha patas, tornozelos e dedos, diz estudo

Uma cobra em posição de ataque: pernas para quê? - Ilustrativa/Getty Images
Uma cobra em posição de ataque: pernas para quê? Imagem: Ilustrativa/Getty Images

Tatiana Pronin

Do UOL, em São Paulo

30/07/2023 04h00Atualizada em 31/07/2023 08h50

Cobras não têm pernas nem braços, mas nem sempre foi assim: elas já tiveram patas. De acordo com os cientistas, a perda dos membros ocorreu por meio do processo de evolução e foi mais vantajosa para esses animais.

Algumas teorias investigam a origem aquática de cobras e serpentes, mas a hipótese mais aceita é de que eles tiveram origem no meio terrestre.

Origem há 128 milhões de anos

Há alguns anos, foi descoberta uma serpente terrestre que tinha patas posteriores, a Najash rionegrina. Além disso, um estudo revelou que os ancestrais das cobras eram predadores noturnos com minúsculos membros posteriores, com tornozelos e dedos nos pés.

A pesquisa, realizada pela Universidade de Yale (EUA) a partir da análise de fósseis, genes e anatomia de 73 espécies diferentes de serpentes e lagartos, reforçou a tese de que as cobras evoluíram da terra, e não do mar.

As primeiras espécies teriam surgido nas florestas do antigo supercontinente conhecido como Laurásia (que envolvia a América do Norte, a Europa e a norte da Ásia), há cerca de 128 milhões de anos, no período Cretáceo Inferior.

O mais incrível na evolução das cobras é o fato de que elas teriam se espalhado por todo o mundo justamente pela ausência de patas. Sem membros, elas puderam percorrer uma área quatro vezes maior que a percorrida pela maioria dos répteis e, ainda, se adaptar a meios aquáticos.

De dez centímetros a dez metros

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A píton-reticulada é considerada a maior cobra do mundo
Imagem: Reprodução/Twitter/CGTN

Pesquisadores estimam que hoje existam cerca de 3.500 espécies de serpentes no mundo. Só no Brasil, são quase 400.

A maior cobra do mundo é o píton-reticulada (Python reticulatus), que pode alcançar dez metros de comprimento. No Brasil, a maior representante desses répteis é a sucuri (Eunectes murinus).

Já a menor espécie já descoberta é a cobra-cega (Leptotyphlops carlae), que vive na Ilha de Barbados, no Caribe, e mede apenas dez centímetros.

Todas as serpentes são carnívoras, mas as dietas diferem muito entre as espécies. Algumas comem um único tipo de alimento; outras, chamadas de generalistas, são menos "frescas" e comem de tudo.

Caçadoras estrategistas

As cobras contam com sofisticados aparatos sensoriais e criam estratégias elaboradas para capturar suas presas. A visão nem sempre é muito boa, mas elas tem uma estrutura chamada "órgão de Jacobson", que identifica partículas químicas captadas no ar pela língua.

As serpentes matam suas presas por constrição ou envenenamento. A jiboia e a sucuri são exemplos de serpentes constritoras: elas se enrolam e apertam suas presas até que elas morram por parada cardíaca ou respiratória.

Já a cascavel e a jararaca contam com um aparato eficiente para injetar o veneno nas vítimas.

Fonte: Sávio Stefanini Sant'Anna, pesquisador do Instituto Butantan, em São Paulo; BMC Evolutionary Biology, revista científica.