Não entre! Veneno de jararaca da Ilha das Cobras (SP) é 20 vezes mais forte
Uma ilha pequena, rochosa e ocupada por 15 mil serpentes. Assim é a Ilha da Queimada Grande, conhecida como Ilha das Cobras, um território de 43 hectares, de difícil acesso, a 35 km do litoral de São Paulo. É a segunda maior concentração de cobras por área no mundo, perdendo apenas para a Ilha de Shedao, na China.
O território é habitado, principalmente, pelas jararacas ilhoas (Bothrops insularis), tipo de víbora endêmica da região cujo veneno é altamente tóxico. Uma única picada pode ser mortal e matar uma pessoa em apenas seis horas.
"São parentes das jararacas continentais, só que donas de um veneno de 12 a 20 vezes mais forte. A ilha é um paraíso com excesso de serpentes", diz um comunicado do site da Prefeitura de Itanhaém (SP), responsável pela área.
Devido aos riscos, o desembarque de turistas é proibido, apenas profissionais da área ambiental estão autorizados. A área é uma Unidade de Conservação Federal.
"A Bothrops insularis mede, em geral, entre 0,5 e 1 metro, sendo as fêmeas ligeiramente maiores", explicou o biólogo Marcelo Ribeiro Duarte, do Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan, à BBC News.
Atualmente, as espécies Ilhoa e Dormideira estão espalhadas pelo terreno, sendo que a Ilhoa nunca foi encontrada em nenhum outro lugar no mundo.
Ainda segundo a prefeitura, o paraíso das cobras veio do isolamento geográfico provocado pela glaciação da terra: "Quando as águas do degelo cobriram grandes extensões de terra, formaram-se várias ilhas, como essa. A maioria dos animais migrou para o continente. Os demais, impossibilitados de nadar, ficaram confinados, sobreviveram apenas aqueles que puderam se adaptar."
A ilha foi descoberta em 1532 pela expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza.
Veneno potencializado
A serpente se alimenta de pequenos anfíbios e lacraias quando pequena, mas já adulta, ingere, exclusivamente, aves —migratórias, já que as que moram ali também mudaram o comportamento.
De coloração clara, a jararaca-ilhoa pode chegar a até dois metros de comprimento em alguns casos.
Presa numa ilha rochosa, a jararaca passou a subir em árvores, o que não é natural para as espécies do continente — é a única do Brasil que vive no alto.
Segundo os pesquisadores, os poucos corajosos que visitaram o local afirmaram que o espaço tem uma fauna escassa.
Desde que o farol da ilha foi automatizado, os seres humanos são exceção. A mudança aconteceu em 1918, devido aos acidentes fatais envolvendo a picada da cobra.
Quem entrou na ilha precisou seguir um esquema rígido de segurança, que inclui um médico junto. Mas, apesar do risco, o local é alvo de piratas e traficantes de animais que invadem o espaço para capturar a espécie e vendê-la no mercado clandestino. Elas custam cerca de R$ 30 mil cada - o comércio ilegal de animais está sujeito a prisão.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.