Invasor e predador, peixe-leão é detectado no Ceará e Piauí
Uma expedição formada por pesquisadores e pescadores capturou em águas rasas do litoral do Ceará e do Piauí, pela primeira vez, nove peixes-leão. A espécie, considerada exótica, é invasora do litoral brasileiro e "extremamente predadora", conforme os pesquisadores.
A captura foi realizada por expedição que contou com 12 pesquisadores sob a coordenação do Labomar (Instituto de Ciências do Mar), da UFC (Universidade Federal do Ceará), e por pescadores dos municípios de Camocim-CE e Acaraú-CE.
O peixe-leão é originário dos oceanos Índico e Pacífico. A expedição que identificou a presença da espécie no litoral nordestino ocorreu entre os dias 12 e 14 de março. Esta foi a quarta captura do peixe no Brasil, sendo a de maior concentração no litoral brasileiro. Também foi a primeira no litoral nordestino.
Ameaça a outras espécies
Pesquisador do Labomar, o professor Marcelo Soares liderou a captura. Segundo ele, o peixe-leão é uma ameaça ao litoral brasileiro por ser predador de outros peixes e invertebrados marinhos.
A espécie também é considerada agressiva e possui 18 espinhos venenosos. Sem predadores naturais, o peixe-leão tem reprodução rápida e, conforme a UFC, é uma espécie invasora capaz de provocar elevados prejuízos ambientais e socioeconômicos.
"Além disso, por sobreviverem em diferentes habitats e alcançarem grandes profundidades [de 1 metro a 100 metros], o manejo das populações invasoras é difícil", afirmou Marcelo Soares, em nota divulgada pela UFC. "Mesmo com programas de capturas intensas em zonas rasas, visto que a espécie pode se reproduzir em águas mais profundas, o controle tem sido um desafio no Caribe e no Mediterrâneo, onde a espécie já é invasora."
Soares disse ainda que a captura do peixe-leão no Ceará e no Piauí foi a que ocorreu em águas mais rasas até hoje no Brasil. "É muito preocupante que esses registros sejam em ambientes rasos porque pode significar que o peixe-leão já está espalhado por outras regiões do país", disse o pesquisador. "Estes resultados demonstram que o processo de invasão pode ser bastante rápido, afetando a biodiversidade local, a pesca artesanal, o turismo, sendo também um problema de saúde pública."
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