Gira todos os dias: o que é armadilha marítima, que prendeu iceberg gigante

Chamado de A23a, o maior iceberg do mundo tem quase um trilhão de toneladas e está girando no mesmo lugar. Segundo cientistas ouvidos pela BBC, a pedra de gelo está em cima de um enorme cilindro aquático giratório e deve permanecer no local pelos próximos anos.

Há meses girando no mesmo lugar

O A23a está girando no oceano ao norte da Antártida há meses. A pedra de gelo, segundo cientistas, tem pelo menos duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo e está em um cilindro rotatório que não permite que a geleira saia do lugar. Segundo especialistas, a gigante pedra de gelo está girando cerca de 15 graus diariamente em sentido anti-horário.

Fenômeno é chamado de Coluna de Taylor. A "armadilha" que capturou o A23a no oceano é conhecida como Coluna de Taylor, descrita pela primeira vez na década de 1920 pelo físico Geoffrey Ingram Taylor. Em suas análises, o físico descreveu como uma corrente de água, ao encontrar uma obstrução no mar, pode se separar em duas correntes com fluxos distintos. A água, então, passaria a girar no local.

Obstrução de 100 km de largura. De acordo com a rede britânica BBC, a obstrução em questão é uma protuberância, algo como uma lombada, de 100 km de largura no fundo do oceano, conhecida como Pirie Bank. A espiral de água está no topo dessa protuberância, e o iceberg A23a foi capturado pela água rotatória na região.

Fundo do oceano é cada vez mais estudado por cientistas. Desníveis como os que causaram a Coluna de Taylor que prendeu o A23a são exemplos analisados pelos especialistas. Montanhas, desfiladeiros e encostas submarinas causam um impacto direto nos fluxos das águas, influenciando não somente na eventual formação de correntes giratórias, mas também na distribuição de nutrientes que impulsionam a atividade biológica no oceano.

A23a em imagem de satélite da NASA em abril de 2024
A23a em imagem de satélite da NASA em abril de 2024 Imagem: Divulgação/NASA

O futuro do A23a. Segundo os cientistas, é possível que o iceberg permaneça no mesmo local por anos, adiando seu eventual derretimento e, consequentemente, a dispersão de suas águas nos oceanos. O iceberg não aterrou novamente, de acordo com os especialistas: há, pelo menos, mil metros de água entre sua base e o fundo do oceano.

Movimentação do A23a é monitorada por cientistas

Vista aérea do iceberg A23a em 14 de janeiro
Vista aérea do iceberg A23a em 14 de janeiro Imagem: AFP PHOTO/EYOS EXPEDITIONS/IAN STRACHAN
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À deriva desde 1986. A pedra de gelo se desprendeu da costa da Antártida em 1986, mas logo ficou presa no Mar Weddell, que faz parte do Oceano Atlântico. Registros de cientistas indicam que, nas três décadas depois, o A23a não se mexeu, sendo considerado uma ilha de gelo estática.

Em 2020, o iceberg retomou sua movimentação. Ao voltar a flutuar, o A23a iniciou uma trajetória devagar, rumo ao norte, em direção a águas e ares mais quentes.

Em abril deste ano, o A23a entrou na Corrente Circumpolar Antártica (ACC, na sigla em inglês). A expectativa era que as fortes correntezas lançariam o iceberg para o Oceano Atlântico, onde permaneceria vagando. No entanto, o A23a não se moveu da forma esperada, permanecendo ao norte das Ilhas Órcades do Sul.

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