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Medvedev precisa das "bençãos" de Putin para tentar segundo mandato

Matthias Schepp

  • 06.jul.2011 - Dmitry Astakhov/Kremlin/RIA-NOVOSTI/AFP

    O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev (à dir.) conversa com o primeiro-ministro Vladimir Putin (esq.) durante encontro no palácio Gorki

    O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev (à dir.) conversa com o primeiro-ministro Vladimir Putin (esq.) durante encontro no palácio Gorki

O presidente russo Dmitri Medvedev parece estar interessado em um segundo mandato. Mas primeiro, ele precisa das bênçãos do primeiro-ministro Vladimir Putin – que também está considerando voltar ao Kremlin No calor do verão, a política em Moscou para ainda mais do que nas capitais ocidentais. O presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro, Vladimir Putin, partem para o mar Negro, enquanto altas autoridades do Kremlin e dos ministérios aproveitam o sol em suas “dachas” ao longo do rio Moskva ou em hotéis de luxo na Cote d’Azur. Em geral, elas podem relaxar, sabendo que, quando as férias terminarem, seguramente voltarão aos corredores do poder. Neste ano, porém, tudo está diferente. As elites russas estão com medo –não pela pátria, mas por si próprias. “Todo mundo está com a sensação da proximidade do fim do mundo. Estão em jogo a carreira e o ganha pão”, diz Dmitry Muratov, editor da “Novaya Gazeta”, jornal conhecido por sua postura crítica ao regime em Moscou. O problema é simples: ministros, governadores e outros membros do alto escalão não conseguem decidir qual lado tomar –de Putin ou de Medvedev. As eleições parlamentares serão em dezembro, e as eleições presidenciais, três meses depois. Medvedev indicou que gostaria de permanecer no Kremlin, mas as intenções de Putin não estão claras. Preocupados com seus empregos e benefícios, os antigos camaradas dos tempos da KGB e da prefeitura de São Petersburgo estão instando Putin a voltar ao Kremlin. “Bulldogs brigando por baixo do tapete” Não é uma competição política aberta. A questão de quem vai ascender à posição de maior poder na Rússia será determinada pelas intrigas bizantinas por trás das cenas. De fato, pouco mudou desde que Winston Churchill comparou as lutas por poder da era de Stalin a uma briga de bulldogs por baixo do tapete: “As pessoas de fora só ouvem os rosnados”, disse ele, “e só quando os ossos voam, sabemos quem venceu”. Os cortesões estão observando com crescente preocupação a guerra de trincheira entre os partidários de Medvedev e Putin. Ministros a caminho do escritório de Putin são enviados de volta ao Kremlin pelo pessoal de Medvedev, para que se reúnam com o presidente. Em um discurso aos trabalhadores matinal em uma fábrica de mísseis nucleares, Putin critica fortemente os ataques da Otan na Líbia como “chamados a uma cruzada”. à tarde, Medvedev condena as observações de Putin como “inaceitáveis”. Os diretores de canais de televisão estatais estão arrancando os cabelos com questões do tipo: quem devem seguir? Qual mensagem devem passar? E quais programas devem ser transmitidos para evitar erros?

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