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Documentos secretos revelam a verdade por trás do colapso soviético

Christian Neef

  • 18.set.2008 - Tim Shaffer/Reuters

Os comunistas radicais deram um golpe contra Mikhail Gorbachev 20 anos atrás, e a União Soviética caiu pouco depois. Documentos antes desconhecidos, obtidos pelo “Spiegel”, mostram como o último líder soviético estava desesperado enquanto lutava para se manter no poder –e como ele implorou à Alemanha por dinheiro para salvar seu país.   Há um momento determinado –uma única decisão- que algumas pessoas ainda guardam contra Mikhail Gorbachev hoje, 20 anos depois.   Gorbachev, o último líder do Partido Comunista Soviético e último presidente da União Soviética, sua mulher e seu círculo de confiança mais próximo sobreviveram à tentativa de golpe da KGB, dos comandantes das forças armadas e do ministro do interior. Eles tiveram permissão para voltar para Moscou da prisão domiciliar imposta na casa de férias de Gorbachev em Foros, na Crimeia. Seu avião pousou na capital às 2h15 da manhã, hora local, no dia 22 de agosto de 1991.   Nos três dias anteriores, cerca de 60.000 pessoas tinham acampado na frente da Casa Branca russa, o assento parlamentar da República Soviética, que tinha se tornado o reduto dos defensores de Gorbachev. Quando ouviram no rádio que ele havia sido liberado da prisão domiciliar na península da Crimeia, eles deram vivas, gritaram “presidente, presidente” e esperaram a chegada de Gorbachev, que na época estava com 60 anos.   Contudo, Gorbachev, que só foi liberado por que os líderes do golpe tinham ficado com medo de seu próprio povo e não se aventuraram a invadir a Casa Branca, chocou seus camaradas russos em júbilo. Em vez de pedir para ser levado do aeroporto diretamente para junto de seus partidários, e em vez de saborear o momento de vitória e celebrar a derrota dos conspiradores, ele mandou o motorista levá-lo à sua datcha. Ele passou o resto da noite em casa e foi trabalhar no Kremlin na manhã seguinte.   Pelos padrões de hoje, foi uma gafe de relações públicas sem tamanho. Mas os três dias de prisão domiciliar na península da Crimeia não havia apenas confundido o país, também prejudicado o equilíbrio interno de Gorbachev –e especialmente da mulher dele, Raisa Maximovna Gorbachova.

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