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Presidente afegão pede ajuda à Alemanha nas negociações de paz com o Taleban

Matthias Gebauer

  • 10.jul.2012 - Jangir/AFP

    Membros da força de segurança afegã observam corpos de militantes do Taleban mortos em Kandahar

    Membros da força de segurança afegã observam corpos de militantes do Taleban mortos em Kandahar

Na esperança de abrir o caminho para possíveis negociações de paz, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu à Alemanha que atue como uma intermediária discreta nas conversações com o Taleban. é um papel já exercido pela Alemanha antes --um esforço que acabou sendo interrompido pelo próprio Karzai.   Karzai pediu ao governo alemão uma nova tentativa na difícil tarefa de mediar as negociações de paz com o Taleban. A “Spiegel” soube que Karzai pediu ao ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, ajuda para trazer o Taleban de volta à mesa de negociação nos bastidores da conferência internacional de doadores, em Tóquio, no início de julho.   A Alemanha exerceu um papel semelhante em 2010 e 2011, atuando como uma intermediária discreta na aproximação política entre os Estados Unidos e os islamitas do Taleban. De fato, há dois anos Berlim teve um papel chave na única tentativa promissora de abordar o Taleban até o momento. Na época, o representante especial Michael Steiner conseguiu dar início a sondagens entre representantes do Taleban e do governo americano, após um longo processo para convencer os dois lados a se encontrarem sem pré-condições.   A missão delicada foi inicialmente bem-sucedida. Após várias checagens meticulosas visando determinar se o representante do Taleban tinha sido de fato enviado pela liderança da insurreição, Steiner organizou uma reunião inicial entre Tayyeb Agha, que era considerado um confidente próximo do líder do Taleban, o mulá Omar, e dois representantes americanos, um do Departamento de Estado e um do Conselho de Segurança Nacional. A reunião secreta ocorreu em um local seguro pertencente à Bundesnachrichtendienst (BND), a agência de inteligência estrangeira da Alemanha, na cidade de Pullach, nos arredores de Munique. A BND foi responsável por trazer o representante do Taleban de modo seguro e discreto a Munique em um jato particular, antes da reunião.   Os detalhes do encontro parecem um romance de espionagem. Após algumas horas de conversações iniciais entre os inimigos declarados de Washington e do Afeganistão, Steiner convidou os representantes do Taleban a uma visita à sua cidade natal. Eles visitaram uma igreja juntos e então ele os levou a um passeio em um bondinho. Ambos os lados insistiram no maior sigilo, devido às preocupações sobre como as pessoas nos Estados Unidos e no Afeganistão reagiriam à notícia das conversações.   A aproximação visava abrir o caminho para negociações entre o Taleban, os Estados Unidos e, posteriormente, o governo afegão. Com a retirada da Otan e dos Estados Unidos do Afeganistão se aproximando, surgiu um consenso entre os países envolvidos na missão de que, no final, os insurgentes terão que ser reintegrados às estruturas de poder afegãs. Caso contrário, é difícil ver como o país poderá evitar mergulhar no caos.

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