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Os desafios de escalar o monte Everest

Lukas Eberle

  • Fernando Moura/UOL

    Vista do Everest, a partir de voo saindo de Katmandu, no Nepal

    Vista do Everest, a partir de voo saindo de Katmandu, no Nepal

Este foi o ano mais mortal no Monte Everest desde que 12 alpinistas morreram na montanha, em 1996. Mas as tempestades e avalanches não foram as culpadas. Em vez disso, o congestionamento na "zona da morte", combinado com a inexperiência dos alpinistas, resultou em uma dezena de mortes em apenas um fim de semana de maio.   Ele retira sua máscara de oxigênio e inspira cuidadosamente algumas vezes. Sua garganta começa a se contrair rapidamente. O ar é tão rarefeito que Aydin Irmak, 46, sente como se estivesse sufocando. Ele coloca rapidamente a máscara de volta. Em seguida, olha em volta. Será que esse é o lugar?, ele se pergunta. Irmak está atravessando uma camada de gelo ligeiramente inclinada, sob o céu de um azul profundo. Ele vê uma pequena caixa de vidro com uma estátua de Buda em seu interior. Sim, este é o lugar. Irmak está em pé sobre o cume do monte Everest.   A data é 19 de maio de 2012, a temperatura é de menos de 37 graus Celsius e o vento é congelante. O ponto mais alto da Terra, a 8.848 metros de altura, é um lugar esquecido por Deus. Irmak é o último dos 176 alpinistas a atingir cume do Everest nesse dia. Os outros já estão descendo. Ao encontrar um grupo enquanto ainda estava subindo, um alpinista gritou para ele: "Volte agora!" Mas ele continuou caminhando.   Há uma regra no monte Everest: aqueles que não alcançarem o cume até às 13h devem voltar. Tempestades severas geralmente se formam enquanto a noite se aproxima. Além disso, é extremamente perigoso passar muito tempo no ambiente de ar rarefeito da chamada "zona da morte", acima de 8.000 metros de altura.   Irmak está em pé sobre o cume pouco antes das 15h. Ele nunca esteve em uma montanha tão alta antes, e se sente um pouco tonto. Irmak, que tem uma loja de bicicletas em Nova York, não sabe nada sobre as tempestades no Everest. Até algumas semanas atrás, ele também não sabia o que eram “crampons” (estruturas de metal com pontas afiadas que são fixadas nas solas das botas para facilitar a caminhada sobre o gelo ou a neve).   Irmak trouxe consigo uma pequena bandeira, que ele enfia na neve. Em seguida, ele tira uma câmera digital do bolso de seu casaco interno. Deve haver tempo suficiente para tirar uma foto de si mesmo no cume, ele pensa, mas a câmera não funciona. Irmak retira a luva da mão direita para manipular o compartimento da bateria. Uma forte rajada de vento o atinge por trás, e faz sua luva voar para o abismo logo abaixo.   Vivo, mas exausto.  Irmak está sozinho no cume do monte Everest. E ele está lá em cima em um horário muito mais avançado do que deveria. Ele perdeu sua luva direita e não tem ideia de como vai conseguir descer.

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