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A luta mais importante dos irmãos Klitschko

Da Spiegel

  • Frank Augustein/AFP

    O líder da oposição ucraniano, Vitali Klitschko participa de uma manifestação em Munique

    O líder da oposição ucraniano, Vitali Klitschko participa de uma manifestação em Munique

Ele ganhou fama no ringue de boxe, mas agora Vitali Klitschko se vê no meio da luta mais importante de sua vida - na arena política. Enquanto ele se tornava a face da rebelião ucraniana, seu irmão Vladimir nunca saiu de seu lado. Vladimir Klitschko finalmente encosta no terminal executivo do Aeroporto de Hamburgo em um Mercedes preto. Quando ele embarca em um avião particular, está meia hora atrasado. O capitão se aproxima para lhe dar os detalhes do voo até Kiev, mas Klitschko não tem tempo para ouvi-lo. Precisa ligar para seu irmão. Ele chama isso de "desconectar". Conectando e desconectando - algo que o pai ensinou a eles quando eram crianças. Os irmãos eram inseparáveis, cada um deles sempre tinha de saber onde o outro estava. é seu ritual há anos, e parte disso envolve não apenas dirigir-se um ao outro pelos prenomes, como também à maneira tradicional, incluindo o nome de seu pai. Vladimir liga o número e Vitali vê o nome de seu irmão aparecer na tela. "Vladimir Vladimirovich!", ele grita no telefone, " o que você tem a relatar?" "Vitali Vladimirovich!", responde Vladimir. "Estamos prestes a decolar." Então ele desliga. Não há necessidade de dizer mais nada, nem de palavras supérfluas. Isso também faz parte do ritual. Desde sua adolescência os irmãos Klitschko foram uma unidade só, formada por seu pai, um ex-general da força aérea soviética, sendo Vitali responsável pelo irmão mais moço. Ambos lutaram boxe juntos, esses dois "armários gigantescos", como seu amigo e sócio empresarial Bernd Bönte os chama. Enquanto um deles estava no ringue, o outro sentava-se no canto segurando uma toalha. Quando Vitali se machucou, Vladimir ganhou um campeonato mundial. Quando Vitali perdeu seu título da OMB, Vladimir vingou-se na luta seguinte do campeonato. E afinal eles se tornaram campeões mundiais ao mesmo tempo, cada um em uma federação de boxe diferente. Os irmãos têm cinco anos e exatamente 2 cm de diferença. O mais velho, Vitali, tem 2 metros e Vladimir, 1,98. Como dupla, eles viraram o boxe mundial de ponta-cabeça, como "Dr. Punho de Ferro" e "Dr. Martelo de Aço", os primeiros boxeadores profissionais do mundo com doutorados, dois homens educados e bem vestidos usando casacos da grife Hugo Boss. "Nós só agimos como um bando familiar", disseram eles. Agora travam outra batalha, com Vitali sob os refletores e Vladimir a apoiá-lo. é provavelmente sua luta mais importante, e desta vez não está totalmente claro se eles vencerão. Desde que os ucranianos começaram a se manifestar na Praça Maidan em Kiev por laços mais estreitos com a Europa e mais democracia - após a rejeição pelo governo do acordo de associação com a UE no final de novembro -, Vitali Klitschko tornou-se a face do movimento de resistência. Protestos são reprimidos com violência na Ucrânia Protestos são reprimidos com violência na Ucrânia #uolbr_tagAlbumEmbed('tagalbum','5625+AND+29229', '') Começando a esmaecer Ele é mais conhecido no Ocidente que todos os outros líderes de oposição. é popular na Ucrânia porque não é corrupto, diferentemente da maioria dos políticos locais, porque se insere destemidamente entre as frentes adversárias e porque um boxeador de ombros largos lhes inspira confiança. Este é seu capital político, mas está lentamente começando a esmaecer. O clima festivo inicial que cercava os protestos deu lugar a uma grande sensação de impaciência, para a qual Klitschko contribuiu ao fazer repetidamente grandes exigências e emitindo ultimatos sem consequências. Por causa de sua abordagem, Klitschko perdeu parte de sua autoridade e decepcionou alguns seguidores. Muitos na Praça Maidan se tornaram mais radicais e de direita do que ele gostaria. E agora que a violência irrompeu, apesar de algumas reuniões recentes entre Klitschko e o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, está mais claro que nunca que sua influência é limitada. Klitschko sabe disso, e se preocupa. é sexta-feira, 31 de janeiro, e Vitali Klitschko está parado no estacionamento do Aeroporto Internacional Zhulyany, em Kiev, usando um abrigo com capuz e um boné de aviador forrado, contra o frio. Ele acaba de sair de uma longa reunião com os dois outros líderes de oposição. Antes da reunião, o presidente havia concordado em abolir as duras leis antiprotesto. Klitschko luta contra um resfriado e parece pálido e cansado. Ele esteve no hospital até as 2 da madrugada anterior, visitando Dmitry Bulatov, o líder de oposição que passou oito dias desaparecido e supostamente foi torturado. Elmar Brok, um membro do Parlamento Europeu e um dos aliados de Klitschko, deixou Kiev na véspera, mas sem dar esperança a Klitschko de maior apoio da UE. Foi também Brok quem aconselhou Klitschko a participar da Conferência de Segurança de Munique, para onde ele se dirige agora. Ele passou um longo tempo pensando sobre aonde deveria ir, e se poderia perder o controle do movimento se passasse dois dias reunido com políticos em um hotel elegante em Munique. Mas também é uma oportunidade importante. Ele deverá participar de uma noite parlamentar organizada pela União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha, de centro-direita, seguida de uma reunião com o alto representante para Assuntos Estrangeiros da UE, Catherine Ashton. Há três pessoas paradas à sua frente. Ele havia prometido a todas que poderiam acompanhá-lo a Munique em seu jato particular. Mas o capitão balança a cabeça. Só há espaço para duas. Klitschko pede uma segunda vez, mas o capitão balança novamente a cabeça. Muito desconfortável Ele também precisa se preocupar com isso agora? Um dos três precisa estar no avião, por isso cabe a Klitschko escolher entre os outros dois. Ele parece aliviado quando alguém lhe entrega uma moeda de 2 euros. Cara ou coroa? Ele atira a moeda para o ar. Desculpem, diz. é cara. O fotógrafo do tabloide alemão "Bild" o acompanhará, enquanto o repórter de "Spiegel" terá de ficar em Kiev. Klitschko parece muito desconfortável. Em Munique, Klitschko se encontra com todas as pessoas que escreveram artigos de jornal sobre ele e a Ucrânia nas últimas semanas. Na manhã de sábado ele se reúne com o secretário de Estado americano, John Kerry, seguido pelo senador republicano John McCain. Finalmente, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, vai ao seu quarto de hotel enquanto o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, espera por Klitschko na sala da lareira. Todos o apoiam. "Os EUA e a UE estão apoiando plenamente a população da Ucrânia", diz Kerry. Steinmeier o cumprimenta educadamente e aperta sua mão, mas não oferece gestos fraternais. Ele diz a Klitschko que a Alemanha aceitaria Bulatov se Yanukovich permitisse que ele deixasse o país. é um gesto amigável, mas não ajuda muito a causa de Klitschko. Ele convida o ministro a visitar Kiev. Klitschko é o astro da conferência de segurança, uma ave exótica em um mar de especialistas em política externa que se reúnem em Munique anualmente. Todas as estações de TV e todos os jornais querem entrevistá-lo, e todo ministro quer uma reunião com Klitschko. Ele não se recusa a encontrar ninguém que queira vê-lo, incluindo membros da delegação suíça e o ministro das Relações Exteriores norueguês, Børge Brende, com quem se encontra no restaurante Tiroler Stube do Hotel Bayerischer Hof. "Nós apoiamos sua luta pela democracia", diz o ministro. "Diga-nos de que você precisa." Os assessores de Brende não estão tomando notas, mas tiram fotos constantemente, como se estivessem documentando um momento importante da história. "Do que realmente precisamos são sanções", responde Klitschko. Ele quer mais que solidariedade. Quer uma promessa de que o Ocidente exercerá pressão sobre o presidente Yanukovich. Ele quer sanções e quer que as contas sejam congeladas - certamente quer mais que meras palavras. Pela primeira vez em sua vida, Klitschko está fazendo o papel do suplicante. Há preocupações sobre se as sanções seriam eficazes, e há preocupações sobre a oposição, uma aliança improvável do partido nacionalista Svoboda, o partido Pátria da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko e o partido Udar de Klitschko. O Svoboda representa um problema para Klitschko, mas ele precisa de seu apoio e só pode se distanciar dele até certo ponto. O partido Pátria representa seus próprios desafios, com uma líder partidária que esnoba seu líder parlamentar, Arseniy Yatsenyuk, de sua cela na prisão. Para Klitschko, por outro lado, o experiente político Yanukovich é um rival potencial. Veja álbum de fotos Amigo? Ao meio-dia de sábado, um dia depois das reuniões, Vitali Klitschko está sentado em sua suíte, o apartamento 268, no Bayerischer Hof. Pela primeira vez naquele dia, ele finalmente consegue achar tempo para comer. Pede porco assado com bolinhos de batata, o prato mais forte do cardápio. Ele joga a gravata por cima do ombro. "Rapazes, vocês não querem comer alguma coisa?", pergunta. Muitos em Munique se referiram a ele como um amigo, palavra que os políticos gostam de usar. Ele diz que pode lidar com o fato de que todo mundo quer ser fotografado com ele e que todo mundo pede sua atenção. Mas também sabe como dizer se alguém é um amigo de verdade. "Os falsos amigos dizem que vocês é o mais bonito, o melhor e o mais forte. Eles continuam dizendo isso até que você mesmo acredite que é o mais bonito, o melhor e o mais forte. Mas então você perde uma luta e o cinturão do campeonato mundial é passado para outro. De repente seus falsos amigos estão dizendo que o outro cara é o mais bonito, o melhor e o mais forte. E você fica ali vendo-os ir embora." Mas ele não se queixa. "Essa é a vida", diz Klitschko. A verdadeira questão é se o maior número de pessoas que ele encontra na conferência de segurança são amigos reais ou falsos. Toca a campainha. Há dois guarda-costas postados diante da suíte 268. Desde sua chegada em Munique os homens o acompanham a todo lugar fora de seu quarto. Klitschko não acha que a proteção pessoal constante fosse necessária na Alemanha, especialmente em um hotel como o Bayerischer Hof, e lhes disse isso várias vezes. Pouco antes, quando seus assessores e os dois guarda-costas estavam amontoados no elevador com ele, disse que poderia facilmente lutar e atirar melhor que eles - mas disse isso com um sorriso. Agora os homens estão parados diante da porta como dois escolares, dizendo que respeitarão seus desejos. "Vamos ficar fora do seu caminho", dizem. "Venham, rapazes", Klitschko os chama do quarto. Então ele se aproxima, passa os braços ao redor deles e diz: "Não fiquem bravos comigo". Ele encontra tempo para se desculpar, mas então está na hora de partir. O governador da Baviera, Horst Seehofer, o aguarda. Seehofer apresenta Klitschko a seu ministro de Assuntos Europeus, e ele o elogia por suas aparições na Praça Maidan, dizendo que o que ele está fazendo lá é sobre-humano. Então rapidamente vira a conversa para si mesmo: "Você sabe que eu tenho um doutorado honorário da Universidade Agrícola Nacional de Kiev?" Os dois conversam sobre agricultores e subsídios agrícolas na Ucrânia. Klitschko é um homem educado. Diz que lamenta não ver seus amigos este ano na tradicional festa da salsicha branca Weisswurst no Hotel Stanglwirt. Pede desculpas a seu amigo Ralf Moeller por ter esquecido de seu aniversário por causa dos acontecimentos em Kiev. Ele encontra tempo para cortesias. Isso o torna amável e desafia o clichê do boxeador entediante e combativo. Usa essa técnica em Munique, quando se senta ao lado do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Leonid Kozhara, no palco em um evento à noite. Fala alemão em vez de russo, lutando com a língua enquanto ataca o governo ucraniano. Essa mistura de fragilidade e combatividade não é ineficaz. Mas também é exaustiva para alguém tão educado que jamais diria a alguém para deixá-lo em paz. Durante a discussão, ele diz: "Não há vitória sem luta - e nós lutaremos". Ele ainda pensa como um boxeador. Mas a política tem suas próprias regras. Não está totalmente claro quem acabará ganhando essa luta, ou se haverá um vencedor. Quando Klitschko afirma que os manifestantes na Praça Maidan são terroristas que usam símbolos fascistas e atiram coquetéis Molotov, Klitschko se levanta e deixa o palco sem dizer nada. Volta com uma pasta cheia de fotos, documentação da violência policial contra os manifestantes. Ele faz circular as fotos e as mostra ao ministro das Relações Exteriores, que mal olha para elas. Ele se afasta do palco como um boxeador, e silenciosamente ergue uma das fotos. Por um breve momento, pelo menos, Klitschko parece um vencedor. Naquela noite, ele está em seu quarto de hotel exausto e um pouco distante, enquanto espera por sua mulher, que voou a Munique para passar a noite. Faz um mês que eles não se veem. Uma caixa de remédios para a gripe está sobre a mesa. Klitschko tem sede. Estranho para ele No dia seguinte, um carro com motorista oferecido pela Conferência de Segurança o leva ao aeroporto. O limite de velocidade é de 120 quilômetros por hora, mas o motorista vai a 200. Klitschko nada diz, mas de qualquer modo está surpreso. Apenas cerca de uma hora depois, quando ele já está no ar, pergunta: "Há uma coisa que você precisa me explicar. Eles podem fazer isso?" O mundo dos poderosos, de motoristas que podem infringir as regras sem consequências, é estranho para ele. Agora ele voa sobre a Alemanha, país que se tornou um segundo lar para ele seu irmão e onde desenvolveram uma reputação como boxeadores. Para Klitschko, a Alemanha é uma democracia exemplar, um modelo do que ele pretende alcançar. Ele conta uma história sobre um incidente na Alemanha, onde certa vez foi parado por excesso de velocidade. O policial que o parou cumprimentou-o por sua última luta, disse que era seu fã há muito tempo e então disse: são 30 euros, por favor. "é exatamente assim que deve ser", diz Klitschko. Então ele dorme e só acorda depois que o avião pousa em Kiev. Ao mesmo tempo, o irmão de Vitali, Vladimir, assiste ao Super Bowl em Nova Jersey. Parado no tapete vermelho, segurando a bandeira ucraniana, ele fala com o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg e dá à Bloomberg TV uma entrevista sobre a luta de seu irmão na Ucrânia. Ele assumiu o papel de embaixador, levando a mensagem do irmão para o resto do mundo e usando sua rede para recrutar seguidores. Depois do jogo ele viaja para Nashville e depois para a cidade alemã de Oberhausen, para participar de uma entrevista coletiva anunciando sua próxima luta de boxe. Em 26 de abril, Klitschko lutará com o boxeador de Samoa Alex Leapai, que chama a si mesmo de "Coração de Leão". Há muito mais jornalistas na entrevista do que ele esperava. Coração de Leão usa uma camisa polo e calças baggy. A sala tem iluminação fraca, com refletores verdes e vermelhos, e há uma máquina de fumaça no palco. Veja álbum de fotos Dever Klitschko usa um terno de flanela cinza, gravata cinza-escuro e uma bandeira ucraniana na lapela. Ele fala rapidamente sobre seu desafiante para o campeonato mundial. Quando perguntado sobre o que é mais importante, sua luta ou a de Vitali, ele diz que não se trata de comparar as duas, mas sim de "vitória para a família Klitschko". Vladimir foi contra a entrada de seu irmão na política, que ele considera um trabalho estressante e sem agradecimento. Mas seu irmão sempre fez o que bem entendeu. Nos últimos dez anos, Vitali Klitschko vem tentando ser mais que um simples boxeador. Em 2006 ele disputou a prefeitura de Kiev e ficou em segundo lugar. Candidatou-se e perdeu novamente em 2008. Dois anos depois, tornou-se presidente do novo partido Udar, pró-ocidental. Ele disputou com o principal candidato do partido na eleição parlamentar de 2012 em que o Udar se tornou a terceira maior facção no Parlamento. Seu pai sempre o fez sentir que tinham um dever para com seu país. Quando adolescente, ele demonstrava pouco interesse pela política, mas tinha um cartaz de Arnold Schwarzenegger em seu quarto. Muitos anos depois ele conheceu Schwarzenegger na Califórnia, pouco antes que se tornasse governador do estado. Klitschko ficou fascinado pela carreira de Schwarzenegger. Se um ex-halterofilista podia se tornar um político de sucesso, por que um boxeador não poderia? Vladimir Klitschko hoje entende a decisão de seu irmão, e o projeto político tornou-se um empreendimento comum. Vitali muitas vezes define o tom, diz Vladimir no avião de Hamburgo a Kiev, em suas carreiras no boxe e na promoção. Vladimir ainda acredita que eles precisam um do outro, o político e o boxeador. Cada um deles ajuda a tornar o outro maior, preservando a lenda do vencedor. Um olhar fixo Ele tira seu iPhone do bolso. Quer compartilhar sua contribuição nas últimas semanas. Conhece muitas celebridades, especialmente desde que interpretou a si próprio durante alguns segundos no filme "11 Homens e um Segredo". Ainda em 2004, durante a Revolução Laranja, ele começou a recrutar astros para apoiar a luta na Ucrânia. Pediu a George Clooney e outros que mandassem uma mensagem em vídeo. Eles entraram em contato com Klitschko novamente depois do início dos protestos na Praça Maidan no final de novembro. Clooney perguntou o que poderia fazer para ajudar, assim como Schwarzenegger, o cantor alemão Klaus Meine dos Scorpions e o compositor Quincy Jones. O ex-presidente Bill Clinton quis encontrá-lo no Super Bowl. Embora a reunião não tenha se materializado, Clinton tuitou: "Aplausos para os corajosos ucranianos que exigem democracia de verdade. Diálogo e resolução pacífica são necessárias para alcançar uma Ucrânia forte e unida. Eles podem fazê-lo!" à meia-noite da última quinta-feira, os dois irmãos finalmente se encontraram no Va Bene Bistro, seu restaurante italiano preferido no centro de Kiev, ao lado da embaixada alemã. Vladimir disse antes que os dois irmãos sempre foram espartanos quando se encontram: nada de beijos, abraços ou palavras desnecessárias, apenas um olhar fixo. Vitali está exausto e quase perdeu a voz. Vladimir pretendia apanhá-lo no restaurante e levá-lo para casa. Mas então os dois iniciaram uma conversa profunda. Estão sentados lado a lado em um banco, com as cabeças próximas e conversando baixo em russo. A situação na Ucrânia piorou nos últimos dias. A violência irrompeu e dezenas de pessoas foram mortas - o presidente Yanukovich não dá sinais de recuar a qualquer momento. Vitali Klitschko passou horas negociando com ele, pediu que Yanukovich renunciasse e recusou ofertas para aderir a seu governo. O que mais ele pode fazer agora? Vitali escreve uma coluna no jornal alemão de grande circulação "Bild" desde dezembro, para manter presença na mídia alemã. Mas na noite de quinta-feira ele não escreve nada. O que mais há para contar? Seus iPhones estão sobre a mesa. Eles dão uma última espiada e vão dormir.

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