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BP e Halliburton enfrentam risco de maior indenização após investigação federal

Michael Peel
Sylvia Pfeifer

  • Thierry Roge/Reuters

    Membros do Greenpeace protestam em Bruxelas contra o derramamento de petróleo no Golfo do México

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A BP e a Halliburton correm grande risco do pagamento de uma indenização substancial pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, após uma investigação federal apontar que elas sabiam que o cimento usado para selar o poço provavelmente era instável, disseram especialistas legais na sexta-feira. Um importante advogado dos indivíduos que estão processando a BP disse que as evidências “mudam o jogo”, enquanto observadores independentes disseram que elas aumentam as chances de uma decisão de negligência flagrante contra as empresas, que poderia provocar multas e indenizações chegando a bilhões de dólares. As ações da Halliburton continuaram desvalorizando na sexta-feira, caindo 43 centavos de dólar, para US$ 31,25 no pregão matinal em Nova York, à medida que os investidores temiam o impacto potencial das conclusões da investigação. As ações tinham fechado na noite de quinta-feira a US$ 31,68, com queda de 8%, após uma queda de mais de 16% mais cedo. Os investidores pareciam menos preocupados com as consequências potenciais para a BP. Suas ações fecharam com alta de 0,66%, a 425,80 pences em Londres na sexta-feira. Tanto os querelantes quanto os advogados de defesa começaram a estudar nesta semana a conclusão da comissão federal americana de que os problemas com o cimento podem ter contribuído para a explosão fatal na plataforma Deepwater Horizon e o subsequente vazamento de milhões de barris de petróleo. Doug Kysar, professor da Escola de Direito de Yale, disse que o relatório é “extremamente danoso” para a Halliburton, a responsável pelo cimento, e para a BP, que parece não ter agido com base na informação apontando os problemas. Ele disse: “Apesar da conduta imprópria primária citada no relatório ser da Halliburton, a BP não escapará da responsabilidade”. Tony Buzbee, um advogado que representa 19 trabalhadores feridos da plataforma e milhares de querelantes da região do golfo alegando lucros cessantes, disse que as revelações “mudam o jogo”. “As conclusões, é claro, fortalecem ainda mais a responsabilidade da BP, mas agora colocam diretamente a Halliburton na mira de milhares de processos”, ele disse. Especialistas disseram que o relatório também é uma péssima notícia para os réus corporativos, porque mina sua capacidade de apresentar uma frente unida contra os processos e aumenta a probabilidade de atacarem um ao outro, ajudando assim os querelantes. A Halliburton defendeu vigorosamente suas ações em uma declaração na quinta-feira. A empresa disse que havia “diferenças significativas” entre seus testes internos de cimento e os dos investigadores. Ela acrescentou que não acredita que “as questões relacionadas ao teste do cimento invalidam as obrigações de indenização da BP” de acordo com seus contratos com a empresa. A BP se recusou a comentar as conclusões do relatório na quinta-feira, mas Bob Dudley, seu presidente-executivo, provavelmente será questionado a respeito delas quando apresentar o resultados do terceiro trimestre da empresa na próxima terça-feira. Os analistas esperam que os negócios do grupo tenham se beneficiado com os preços mais altos do petróleo e gás natural, mas os números poderiam ser sobrepujados por atualizações dos custos do vazamento. A mais recente estimativa da BP, de 29 de setembro, coloca os custos da resposta, incluindo a contenção do vazamento e as indenizações pagas até o momento, em aproximadamente US$ 11,2 bilhões. Alguns dos principais investidores da BP têm pressionado Dudley a estabelecer uma nova direção estratégica para o grupo o mais rápido possível, mas os analistas disseram que é improvável que ele revele algo grande antes do ano que vem.

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