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Apesar da convulsão social, a Tailândia ainda atrai investimentos estrangeiros

Thomas Fuller

Pluak Daeng (Tailândia)

  • Bullit Marquez/AP

    Manifestantes tailandeses em Manila, nas Filipinas, carregam companheiro enrolado em faixas para protestar contra a onda de violência política que assolou a Tailândia na semana passada

    Manifestantes tailandeses em Manila, nas Filipinas, carregam companheiro enrolado em faixas para protestar contra a onda de violência política que assolou a Tailândia na semana passada

Quando as granadas explodiam em Bancoc durante os recentes e tumultuados protestos de rua, trabalhadores contratados pela Ford Motor daqui também estavam instalando explosivos. Mas o que eles faziam eram detonações controladas para a retirada de grandes blocos de granito de uma área de construção. Para o governo tailandês, as explosões nesta zona industrial que fica três horas a leste da capital foram o eco bem-vindo dos investimentos que chegavam ao país, ainda que muitos executivos e turistas estrangeiros hesitassem em pisar no centro de Bancoc. A Ford deu início à construção de uma grande fábrica aqui em fevereiro passado. Pouco depois disso, os manifestantes de camisa vermelha invadiram as ruas de Bancoc, em um prelúdio daquilo que seriam semanas de convulsão social que deixaram 90 pessoas mortas. Mas a fabricante norte-americana de automóveis continua com os seus planos de expansão. Leia mais notícias de jornais internacionais: Economias latinas crescem rapidamente enquanto outras rastejam "A Europa não será um campo livre para os transgênicos", diz comissário Europa tem 140 mil mulheres escravizadas na prostituição Novo presidente da Alemanha, Wulff enfrenta início difícil Espiões russos presos nos EUA criavam filhos exemplarmente Exigências nacionais podem fragilizar o sistema europeu de cotas de CO2 A persistência da Ford no país – ela teve que adiar o anúncio da construção da nova unidade pelo menos três vezes antes de finalmente tornar público o projeto na semana passada – indica uma história mais ampla da resistência econômica da Tailândia e da manutenção da lealdade que muitas companhias, especialmente as fabricantes de automóveis, têm demonstrado. Em um grande terreno próximo à futura fábrica da Ford, que ficará pronta em 2012, a companhia japonesa Suzuki está construindo a sua primeira fábrica de automóveis na Tailândia. Nos últimos dez anos, plantações de abacaxi nas colinas e nos vales a leste da capital deram lugar a montadoras de automóveis e a fabricantes de autopeças. A Toyota, a Mitsubishi, a General Motors, a Nissan e a Honda, todas essas companhias estão engajadas em operações de grande magnitude na região. “A indústria automotiva na Tailândia está otimista”, afirma Hajime Yamamoto, diretor na Tailândia da CSM Worldwide, uma companhia de previsões de mercado da indústria automobilística com sede em Detroit. “Muitos fornecedores de autopeças já atingiram 100% da sua capacidade de entrega”. A produção de carros na Tailândia neste ano deverá ter um crescimento impressionante de 60%, de acordo com Vallop Tiasiri, o presidente do Instituto Automotivo da Tailândia, uma organização de pesquisas do governo. O aumento reflete a demanda ressurgente por automóveis após a crise financeira do ano passado. A indústria está superando a crise política como se fosse um carro com o cruise control ativado. A Tailândia, que Vallop acredita que produzirá 1,6 milhão de veículos neste ano, manterá o seu lugar como terceiro maior exportador de automóveis na ásia, atrás apenas do Japão e da Coreia do Sul. “Esta indústria é um investimento de longo prazo”, explica Vallop. “Todo mundo está achando que a ásia irá se tornar um grande mercado de automóveis, e a Tailândia é um dos melhores centros manufatores para carros”. A Ford diz que cerca de 85% dos carros a serem produzidos na sua nova fábrica serão destinados à exportação. A companhia descreve a Tailândia como “um centro global de produção e exportação”. No decorrer dos últimos quatro anos e meio, a política tailandesa tem sido um pesadelo de relações públicas para aqueles indivíduos do governo que estão tentando manchar a imagem do país como polo de investimentos. A crescente hostilidade entre apoiadores e oponentes do então primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, levou a um golpe militar em setembro de 2006. O golpe foi seguido por convulsões sociais intermitentes que incluíram a tomada dos dois aeroportos internacionais de Bancoc; a invasão por parte de manifestantes de uma importante conferência internacional em abril de 2009, que fez com que os líderes asiáticos presentes corressem em busca de segurança; e manifestações de rua em Bancoc que culminaram com uma operação militar repressiva no mês passado. Em meio à confusão, os governos estrangeiros e as suas embaixadas manifestaram preocupações quanto à estabilidade do país. A indústria do turismo passou por períodos de prosperidade e dificuldade já que os estrangeiros cancelaram ou adiaram as suas viagens à Tailândia.

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