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Acidente com voo da Air France gera interesse em transmissão de dados em tempo real

Nicola Clark

Farnborough (Reino Unido)

  • AP/Brazil's Air Force

    Destroços do avião da Air France

    Destroços do avião da Air France

No ano que se passou desde o acidente fatal e ainda não explicado do avião de carreira francês sobre o Atlântico, cresceu o interesse em tecnologias que aumentem o acompanhamento dos aviões em áreas remotas e permitam a transmissão em tempo real das informações contidas nos gravadores de voo chamados “caixas pretas”. O principal obstáculo não tem sido tecnológico e sim financeiro –o alto custo de transmitir tais dados de tantos aviões, sem parar. Mas a dificuldade em localizar os destroços do voo 447 da Air France –que desapareceu no dia 1º de junho de 2009, em sua rota do Rio de Janeiro para Paris com 228 passageiros e tripulação a bordo- promoveu uma série de iniciativas envolvendo fabricantes e agências reguladoras para criar novos sistemas. Várias empresas também estão vendendo produtos que transmitem os dados da caixa preta usando satélites e Internet, mas de forma seletiva para reduzir o volume de dados e portanto a largura de banda de transmissão necessária. “O movimento para que se encontre uma solução é significativo e está aumentando”, disse Dale Sparks, diretor de tecnologia da Star Navigation, uma empresa iniciante em Toronto que patenteou o que chama de “nova geração de caixa preta” e recentemente assinou um acordo de compartilhamento de tecnologia com a Astrium, divisão de espaço e satélite da Aeronáutica Europeia. Sparks disse que o sistema da empresa pode detectar os primeiros sinais de problemas em potencial, enquanto a aeronave ainda está em voo, e automaticamente transmitir um alerta a membros da equipe em terra via e-mail ou mensagem de texto. Matt Bradley, vice-presidente de desenvolvimento empresarial da AeroMechanical Services, ou AMS, com base em Calgary, Canadá, disse que o acidente da Air France “claramente aumentou a consciência da vulnerabilidade” dos aviões que cruzam oceanos ou áreas remotas, inclusive os pólos. “A noção que uma aeronave pode sumir por seis horas sem que o controle de tráfego aéreo em nenhum dos lados do Atlântico perceba – o público ficou claramente chocado com isso”, disse Bradley. A AMS uniu-se no ano passado à L-3 Communications, a maior fabricante de gravadores de voo, para promover um sistema que usa a rede de satélites global Iridium para enviar dados do voo para estações em terra. A empresa disse que sua tecnologia está sendo instalada em mais de 200 aeronaves de 25 operadores diferentes, incluindo companhias aéreas, jatos executivos e clientes militares. Tanto a Star quanto a AMS participaram da Farnborough International Airshow, uma das maiores feiras de aviação do mundo, para exibir suas máquinas, que estão em desenvolvimento há quase uma década. Essas empresas e outras estão se preparando para um mercado potencialmente lucrativo, na medida em que investigadores de acidentes aéreos e especialistas em segurança passaram a pedir que alguma forma de transmissão de dados de voo seja exigida internacionalmente. “As pessoas com certeza estão sentindo cheiro de dinheiro aqui. Não é uma ciência tão complicada”, disse William R. Voss, presidente da Fundação de Segurança de Voo na Alexandria, Virgínia. Custos

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