Veja como votou cada ministro do STF sobre a liminar que beneficia Lula
Do UOL, em São Paulo
Em uma votação apertada (6 a 5), o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (22) conceder uma liminar ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que o petista não seja preso até o dia 4 de abril. A decisão foi tomada logo após os ministros votarem pelo adiamento do julgamento de um pedido de habeas corpus do petista que estava marcado para hoje, mas se estendeu devido a uma questão preliminar apresentada pelo ministro Edson Fachin.
Na próxima segunda-feira (26), o TRF-4 julgará os embargos de declaração apresentados pela defesa de Lula contra a condenação do ex-presidente a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. Teoricamente, o petista poderia ser preso após a análise desse recurso. A decisão do STF, porém, lhe deu fôlego de ao menos nove dias.
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Ao todo, seis ministros votaram pelo deferimento da liminar, enquanto outros cinco foram contrários. Veja abaixo os principais argumentos de cada um.
A favor da liminar:
Celso de Mello: risco de prisão iminente
"Entendo claramente configurada a situação de evidente periculum in mora, o que poderia consumar-se, frustrando, tal venha a ser o resultado desse julgamento, o seu efeito prático, o seu efeito último"
Dias Toffoli: decisão não adianta o resultado
"Isso não significa nenhuma antecipação a respeito do tema jurídico colocado. E nem é uma superação de alguma decisão liminar já tomada pelo relator", argumentou. "O resultado ninguém sabe qual será. Este pedido feito é absolutamente pertinente"
Gilmar Mendes: cidadão como qualquer outro
"Não deve ser ele privilegiado, mas também não deve ser ele perseguido pela condição de ex-presidente", declarou. "Ele não é mais cidadão e também não é menos cidadão. Não deve ficar desprotegido", completou
Marco Aurélio Mello: situação congelada
"Nada mais natural do que congelar-se a situação jurídica do paciente [até a conclusão do julgamento]".
Ricardo Lewandowski: culpa do atraso não é do réu
"Se o atraso na prestação jurisdicional, como é o caso hoje, se deve exclusivamente ao Estado juiz, não pode a parte [Lula] suportar esse ônus"
Rosa Weber: demora do STF não pode prejudicar réu
"Eu entendi inviável a um jurisdicionado, qualquer jurisdicionado, independentemente de quem está sendo tratado neste processo, o ônus de nossa inviabilidade de julgarmos celeremente"
Gilmar: "difícil me imputar simpatia pelo PT"
Contra a liminar:
Alexandre de Moraes: decisão contrária à jurisprudência
"Conceder essa liminar é conceder uma liminar contra a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal"
Cármen Lúcia: caso já foi duas vezes analisado pelo relator
"Não vejo razões tão urgentes que possam levar a um perigo que não possa ser cortado se for o caso, caso vier a se concretizar uma lesão que já se mostra analisada duas vezes pelo ministro relator"
Edson Fachin: jurisprudência deve ser seguida
"Nós ainda não alteramos a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal"
Luís Roberto Barroso: contra exceções
"Acho que nesse caso seria uma exceção que eu não gostaria de abrir"
Luiz Fux: medida anteciparia resultado
"Tendo em vista que a nossa jurisprudência é essa que autoriza a execução, não fico confortável de ter uma posição de mérito já manifestado [indicar sua posição final sobre o habeas corpus] e conceder essa medida"