Na Marcha para Jesus, Bolsonaro diz que nunca defendeu intervenção militar
Aiuri Rebello
Do UOL, em São Paulo
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Edson Lopes Jr./UOL
O pré-candidato à Presidência, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), participa da 26° Marcha para Jesus em São Paulo
O pré-candidato à Presidência da República do PSL, o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro, negou nesta quinta-feira (31) defender uma intervenção militar. "Eu nunca defendi intervenção militar nenhuma, nunca disse isso. Se um dia se um militar chegar ao poder, será através do voto. É essa minha posição", afirmou à imprensa na Marcha para Jesus em São Paulo.
A afirmação foi em resposta a um jornalista que perguntou o que ele achava das pessoas que pediam intervenção militar em meio à greve dos caminhoneiros que parou o Brasil nesta semana e na passada.
Ele disse que não é porque defende o regime militar que já governou o país de 1964 a 1985 que gostaria de uma intervenção agora, e que as pessoas confundem as coisas. Bolsonaro disse também não ser homofóbico. Segundo o presidenciável, a posição dele é deturpada pela imprensa. "Por exemplo, eu não sou homofóbico, não tenho nada contra os gays", afirmou.
Recebido no palco da Marcha pelo apóstolo Estevam Hernandes, líder da igreja Renascer, o pré-candidato não falou de política, greve ou eleições para o público de fiéis. "Hoje eu estou aqui mais para ouvir do que falar", disse ao lado senador evangélico Magno Malta (PR-ES).
"O Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos", afirmou ao encerrar sua fala, depois de pedir bênçãos de Deus a todo mundo que o ouvia.
Bolsonaro foi muito aplaudido, mas também ouviu vaias vindas da multidão. Após a rápida fala, ele acompanhou algumas músicas dos shows que iriam ocorrer até às 22h na Praça Heróis da FEB, na zona norte da capital paulista.
Aos jornalistas que o aguardavam no palco, ele reafirmou que trabalha para trazer o senador Magno Malta como vice em sua chapa. "Ele é o vice dos meus sonhos, já o convidei várias vezes, mas quem tem que decidir é ele", afirmou. Ao lado, o senador não negou categoricamente a possibilidade, mas disse que é candidato ao Senado e não pensava integrar a chapa neste momento.
"Eu sou muito próximo à bancada evangélica na Câmara, confesso que isso pesa sim", disse o deputado ao afirmar que o fato de Malta ser evangélico pesava para ser um bom nome para a chapa presidencial.
Dos presidenciáveis, só Rocha e Bolsonaro foram à Marcha
Além de Bolsonaro, o único presidenciável que compareceu na Marcha para Jesus deste ano foi Flávio Rocha, do PRB. Eles não se encontraram.
Enquanto Bolsonaro apareceu no evento pela tarde, no palco montado na Praça Heróis da FEB, Rocha subiu no trio elétrico que saiu do Centro com lideranças religiosas em direção à praça logo no início da Marcha, pela manhã. Ele estava acompanhado do pré-candidato do PSDB ao governo do estado, João Dória, e do prefeito tucano Bruno Covas. No trio elétrico, Doria defendeu um "palanque pelo Brasil".
"O ponto único é de defesa do Brasil, do crescimento do Brasil nem à esquerda nem à direita. É um palanque do Brasil. Não é um palanque do PSDB, nem um palanque do PRB", disse o tucano durante a Marcha.
Mesmo com Geraldo Alckmin (PSDB) como pré-candidato ao Planalto pelo seu partido, Doria anunciou na quarta (30) que subiria no palanque de Flávio Rocha em nome de uma união do centro nas eleições presidenciais. O objetivo, disse Doria, é evitar uma vitória de Bolsonaro ou de Ciro Gomes (PDT) na disputa.
Depois, na descida do trio, questionado se o Flavio Rocha devia ser vice na chapa Alckmin, Doria foi evasivo, mas deu a entender que sim. Afirmou que defende uma aliança nacional com o partido de Rocha. Pelo segundo ano consecutivo, Alckmin não compareceu na Marcha para Jesus.
Márcio França evita criticar grevistas
Por volta das 16h30, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB) foi recebido com orações no palco principal do evento.
"Que ele seja eleito nosso governador", clamou o apóstolo Augusto, uma das lideranças religiosas que estava no palco com o governador e puxava a reza.
Enquanto isso, França ficou ajoelhado no palco com as mãos para o alto e recebeu a benção de diversos pastores. Ao final da oração, o público aplaudiu muito.
O governador falou brevemente com o público, e não tocou no assunto eleições. "Louvei muito a Deus para que vocês pudessem fazer essa Marcha tão bonita. Parabéns e fiquem com Deus", afirmou o governador antes de ir embora.
Na chegada, França disse que havia no estado de SP dois pontos de contração de grevistas nas rodovias, e que até o início da noite também já seriam dispersados. Ele evitou criticar os grevistas.
A Marcha para Jesus reúne igrejas evangélicas de todo o Brasil e até de outras partes do mundo. De acordo com a organização, mais de 2 milhões de pessoas passaram pela Marcha para Jesus neste ano. A PM não divulgou uma estimativa de público até o início da noite. Até às 22h, a Marcha ainda receberia a pregação de diversos pastores famosos e shows de música gospel.
Todo ano dezenas de igrejas evangélicas participam do evento, que reúne pastores, fiéis, artistas e políticos. Onze trios elétricos animaram os fiéis durante a Marcha. Ao todo, dez ambulâncias, 200 brigadistas, quatro postos médicos e mais de 3.000 voluntários trabalharam no evento.
Locomoção em São Paulo
Para que não haja problemas, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), com apoio da PM (Polícia Militar), monitora o percurso desde 23h de quarta-feira (30). Interdições devem ocorrer até 1h de amanhã (1º) nas intermediações do evento.
As avenidas Tiradentes e Santos Dumont estão interditadas nos dois sentidos. Como alternativas sugeridas pela CET para quem sair da zona norte no período estão as avenidas Cruzeiro do Sul, do Estado, Senador Queiróz e Prestes Maia.
Para quem for usar transporte público neste feriado, o metrô funciona normalmente. A SPTrans informou que, às 9h, as empresas de ônibus municipais conseguiram circular com 81% da frota programada. A programação de operação para o feriado é de 40% do total da frota do sistema municipal de transporte.
Para quem for ao evento, a CET informou que os desembarques de fretados deverão ser realizado nas ruas 25 de Janeiro, Mauá e Florêncio de Abreu. O estacionamento para os ônibus fretados estará disponível no terreno da Aeronáutica, na avenida Olavo Fontoura.
Devido ao reflexo da greve dos caminhoneiros, as empresas ficaram autorizadas a operarem as linhas noturnas sob sua responsabilidade com 50% da frota, equivalendo a intervalos dobrados.
A prefeitura informou que o reabastecimento de combustível das operadoras do sistema municipal de transporte segue sendo normalizado. "A Prefeitura adquiriu combustível que garante a circulação da frota até a próxima segunda-feira (4). O governo municipal trabalha para adquirir mais diesel de forma a garantir a operação do transporte municipal até a situação do abastecimento de combustível se normalizar", informou, em nota.