Eleições 2018

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Josué Gomes não é um nome aleatório na eleição de 2018. Disputado atualmente pela coligação do PSDB com o "centrão" e pelo PT de Minas Gerais, Josué Christiano Gomes da Silva (PR), também chamado de Josué Alencar, 54, já tem seu nome cogitado entre os candidatos desde o ano passado. Como trunfos, o sucesso empresarial em Minas Gerais e o legado familiar.

ATUALIZAÇÃO: Josué Alencar formaliza negativa à vaga de vice em carta ao centrão

Filho do ex-vice-presidente de Lula, José Alencar (1931-2011), Josué foi sugerido ainda em 2017 pelo presidente Michel Temer (MDB) como candidato a presidente da República nas eleições deste ano. No início de 2018, foi convocado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para trocar o MDB pelo PR e compor a chapa do PT, como candidato a vice. Ao longo dos últimos meses, ainda foi cotado como vice na chapa presidencial do PDT, para apoiar Ciro Gomes, que queria um companheiro "da produção, ligado ao Sudeste do país".

Este mês, o "centrão" indicou Alencar como vice de Geraldo Alckmin (PSDB) e o procurou insistentemente para compor a chapa. O governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT), por sua vez, aguarda o empresário em Belo Horizonte desde o início da semana para uma conversa. Ter o nome de Alencar como vice é o sonho de consumo do petista nestas eleições.

Não houve, porém, até agora, em nenhum desses casos, uma resposta pública e clara do empresário. Pelo contrário, ele deverá rejeitar os dois convites. Reservado, o filho de José Alencar consolidou ao longo do tempo a fama de "cópia melhorada do pai".

"Ele se parece muito com o pai. Ele [José Alencar] sempre tentou fazer do filho uma cópia sua melhorada, sobretudo na empresa da família. Seu (de José Alencar) interesse pela política veio depois. Foi mais tarde", afirma um ex-assessor do ex-presidente, em condição de anonimato.

Além das semelhanças de família, o caçula do ex-presidente aumentou seu prestígio como empresário bem-sucedido, nas últimas duas décadas, à frente do grupo empresarial da família, quando José Alencar deixou a vida empresarial para se dedicar integralmente à política.

Receita de R$ 2,58 bilhões em 2017

O empresário tinha 31 anos quando assumiu a Coteminas, criada pelo pai, em 1994, e iniciou o processo de internacionalização da companhia têxtil, a maior do país. Em 2005, Alencar fundiu a Coteminas com a norte-americana Springs, com a criação da Springs Global, líder no segmento têxtil dos Estado Unidos. A companhia ainda mantém operações na Argentina e México, além do Brasil. A empresa de Josué possui 50% de participação na Springs Global.

Já em 2009, o empresário comprou 65% da varejista de cama, mesa e banho MMartan, com 120 lojas em operação no país.

Desde que assumiu o comando do conglomerado familiar, o empresário mais que dobrou a receita da Coteminas. Em 1994, a receita da companhia não chegou a R$ 1 bilhão. Em 2017, ela alcançou R$ 2,58 bilhões.

Desde a infância, Josué foi treinado pelo pai, que lhe instruía sobre noções básicas de contabilidade, treinando-o para os negócios, ensinando a abrir empresas, eliminar desperdícios e vender produtos.

"O Josué é inteligente e muito disciplinado. É um pouco tímido e pensa antes de falar. Soube aprender as coisas com o pai e conseguiu até evoluir. Acho que está melhor do que o pai, e preparado para a política", afirma o ex-assessor. Ele diz que o filho herdou também "o timbre de voz e o semblante do pai".

Casado e pai de um casal de filhos, o filho caçula do ex-presidente e da enfermeira Mariza Campos Gomes da Silva tem duas irmãs: a estilista Maria da Graça Gomes da Silva e a decoradora de interiores Patrícia Campos Gomes da Silva. É formado em engenharia civil pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que cursou pela manhã, e direito pela Universidade Milton Campos, que fez à noite, enquanto trabalhava na empresa do pai, no período da tarde, entre os anos 1980 e 1990. Depois, fez MBA na Universidade de Vanderbilt, Tenessee, Estados Unidos, antes de assumir o controle dos negócios da família.

De família católica, ele nasceu em Ubá (MG), cidade natal dos pais, em 25 de dezembro de 1963.

"Sempre foi muito disciplinado e estudioso", diz o ex-assessor do pai.

O hobby predileto de Josué Gomes é o tênis, que sempre pratica nos fins de semana, quando não está acompanhando as partidas do Clube Atlético Mineiro, o Galo, seu time do coração.

"Muito reservado, até meio antipático"

Josué administra o conglomerado familiar a partir de um escritório na avenida Paulista, na área central da capital de São Paulo. Na única vez em que se aventurou na política, como candidato ao Senado por Minas Gerais pelo então PMDB (atual MDB), em 2014, Alencar teve 3.614.720 votos (40,18% dos votos válidos), perdendo a eleição para o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG).

"É uma pessoa de difícil acesso. Muito reservado. Até meio antipático. Na campanha, passava o dia pedindo voto em Minas Gerais, e voltava para dormir em São Paulo", afirmou um candidato a deputado que acompanhou o empresário durante a campanha.

Detalhista, Josué declarou à Justiça Eleitoral à época possuir obras de arte, aparelhos celulares, câmera digital, esteiras, Tvs, joias, relógios e poltronas, além de ações de empresas e imóveis, o que totalizou um patrimônio pessoal de R$ 96 milhões.

Avesso aos holofotes, o requisitado candidato a vice-presidente afirmou numa das raras entrevistas que concede, vez por outra, que "não há atividade mais nobre que a política".

"Se algum dia tiver condições de prestar algum serviço na política, o farei com orgulho e honra", disse o empresário. Ao que tudo indica, ainda não será em 2018.