DEM oficializa aliança com PSDB de Alckmin para eleição presidencial
Gustavo Maia
Do UOL, em Brasília
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Pedro Ladeira/Folhapress
Uma semana depois de anunciar publicamente o apoio ao presidenciável tucano Geraldo Alckmin, o DEM aprovou por aclamação a aliança com o PSDB durante convenção nacional realizada nesta quinta-feira (2) em Brasília.
O ex-governador de São Paulo participou do evento ao lado do presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que até a semana passada era pré-candidato da sigla ao Palácio do Planalto.
Em discurso de apoio a Alckmin, Maia ofereceu palanque no Rio de Janeiro de "uma grande aliança" comandada pelo candidato a governador e ex-prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (DEM), e prometeu que Alckmin terá uma "boa vitória" no estado.
Anunciado como o "futuro presidente da República", Alckmin agradeceu a "generosidade" de Maia ao abrir mão de sua candidatura, e a confiança e o apoio do DEM. "Vamos fazer juntos uma grande campanha", declarou.
Em seguida, elogiou o partido por ter sido "extremamente coerente" por passar 13 anos na oposição, contrário aos governos do PT. "Ser oposição é tão patriótico quanto ser governo", afirmou Alckmin.
O tucano destacou ainda a "grande capacidade de articulação política, necessária e imprescindível" no Brasil. E completou dizendo que "jovens" refundaram e renovaram o DEM (antigo PFL), brincando com a faixa etária de parte deles: "A maioria, menores de idade".
Na última quinta (26), o DEM se juntou a outros quatro partidos do chamado centrão --PR, PP, PRB e Solidariedade, para anunciar o apoio a Alckmin.
O presidente nacional do Democratas e prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou antes do início da convenção que o vice na chapa de Alckmin poderá ser anunciado "nas próximas horas" e que sairá das siglas do "centro democrático", como o bloco foi batizado.
Ainda hoje, Alckmin vai participar, segundo sua agenda, da convenção nacional do PP, que também integra o centrão. O evento vai acontecer na Câmara dos Deputados.
Maia, que vai se candidatar à reeleição como deputado federal, comentou, sem citar nomes, que tem dado risadas ao ler mensagens antigas de pré-candidatos que "queriam tanto" o apoio do DEM e agora criticam publicamente o partido.
O partido de Maia esteve próximo de fechar apoio, junto do centrão, com o candidato do PDT, Ciro Gomes. O presidente da Câmara disse ainda que queria ser candidato, mas reconheceu que Alckmin "reuniu as melhores condições" para liderar o bloco.
Apesar de os dois partidos terem apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e integrado o governo do presidente Michel Temer (MDB), o nome do emedebista não foi citado durante o evento.
Fraga rouba a cena
Por ser realizada em Brasília, em um hotel do Setor Hoteleiro Norte, a convenção teve como um de seus protagonistas o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), pré-candidato ao governo do Distrito Federal.
A claque do parlamentar era a mais expressiva do evento. Fraga apoiava o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, mas decidiu dar palanque a Alckmin por conta da coligação nacional. O deputado é coordenador da Frente Parlamentar de Segurança Pública, a chamada "bancada da bala" da Câmara.
Em março, ele causou polêmica ao espalhar na internet o boato de que a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14 daquele mês, foi casada com um traficante e tinha associação com o crime.
Partido de Marielle, o PSOL apresentou representação por quebra de decoro parlamentar contra Fraga ao Conselho de Ética da Câmara, que decidiu arquivar o processo no fim de maio.
O DEM tem hoje 43 deputados federais, a quinta maior bancada da Câmara. O número é mais de duas vezes maior que os 21 parlamentares eleitos pelo partido no pleito de 2014.
Apesar do entusiasmo da plateia, Fraga foi apenas citado nominalmente por Alckmin durante a saudação inicial às autoridades no seu discurso.