Em sabatina, Ciro se contrapõe a PT e PSDB e diz que "Alckmin deixa roubar"

Janaina Garcia e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

Críticas ao PT e ao PSDB, seus adversários diretos na briga pela Presidência, marcaram nesta segunda-feira (3) a sabatina do candidato do PDT, Ciro Gomes, promovida pelo UOL em parceria com a Folha e o SBT.

O pedetista buscou se contrapor a petistas e tucanos ao fazer críticas diretas a figuras como os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, bem como ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e ao ex-governador e presidenciável tucano Geraldo Alckmin.

Sobre o adversário e ex-governador de São Paulo, Ciro foi mais ácido ao afirmar que "Alckmin deixa roubar" – referindo-se a como agiria no combate à corrupção e ao defender que medidas de punição a eventuais casos de corrupção no governo "têm que valer para todo mundo".

"O presidente da República tem que dar exemplo. A tarefa do chefe de Estado não é só não roubar, é não deixar roubar. Eu não tenho dificuldades, sabe, com as questões escandalosas que envolvem o Alckmin, mas é flagrante que ele deixa roubar. Não é brincadeira, é flagrante que ele deixar roubar", disse, sem entrar em detalhes.

Indagado sobre as declarações de Ciro, durante entrevista coletiva concedida hoje em São Paulo, Alckmin afirmou que "Ciro Gomes é um irresponsável". 

Em seguida, em seu perfil oficial no Twitter, novamente criticou o adversário: "Ciro Gomes mencionou meu nome em uma entrevista ao UOL. Irresponsabilidade de quem tenta fugir da obrigação de esclarecer a grave denúncia publicada pela Veja. Agindo como um aloprado fujão, Ciro presta um desserviço ao debate eleitoral", escreveu.

Ainda sobre os adversários, o presidenciável do PDT também se classificou como alguém que transforma a eleição, "ao contrário do FHC e do PT", ao apresentar "ideias, propostas, caminhos concretos para o Brasil". Entre as propostas apresentadas, Ciro prometeu revogar medidas tomadas por Michel Temer (

"Eu imagino que da agenda da estratégia de mudança, a única que deve ir a plebiscito é a reforma da Previdência. O FHC não propôs nenhuma reforma relevante para o país. Qual foi a reforma que o Lula propôs para o Congresso?", indagou.

Ex-ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco e da Integração Nacional do governo Lula, além de ser irmão  do ex-ministro da Educação de Dilma, Cid Gomes, Ciro também não poupou críticas à ex-presidente, deposta do cargo em agosto de 2016 em um processo de impeachment.

"Dilma não é boa referência para ninguém"

Ao comentar a política de Dilma Rousseff sobre uma tentativa de diminuição do spread bancário --a diferença entre os juros que o banco cobra quando se toma dinheiro emprestado e o que ele paga quando se investe nele --dos bancos públicos (no caso, Caixa e Banco do Brasil), sem que isso tenha sido seguido pelos bancos privados, Ciro foi taxativo: "Dilma não é referência boa para ninguém. Ali que começou a tragédia brasileira. O Brasil tem de fazer o cálculo dos juros com custos de captação, custos operacionais, e uma lucratividade razoável, de novo, em linha com as melhores práticas internacionais", criticou.

"Hoje, a taxa Selic é a menor sob o ponto de vista nominal dos últimos 25 anos, 6,5%. Números oficiais da Febraban mostram o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o Santander, o Itaú e o Bradesco cobrando na ponta dos juros livres 41%, nenhuma atividade econômica real, nem agrícola, pecuária, industrial, comercial remunera 41%. Portanto, está errado. Eu sei que dá para fazer uma mudança, os bancos privados vão atrás, não resta a menor dúvida", ponderou.

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Preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, o petista, inviabilizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na madrugada do último sábado (1º), vinha liderando todos os cenários de intenção de voto para primeiro turno, com mais de um terço do eleitorado. Sobre ele, Ciro fez ressalvas em conotação elogiosa ao se referir a Lula como "o presidente que mais abriu universidades federais no Brasil. E é assim que se muda a realidade de uma nação", defendeu.

A respeito das instituições de ensino superior, por sinal, o pedetista se comprometeu a mantê-las "gratuitas em todos os níveis, porque esse é o último lugar onde a classe média brasileira ainda tem alguma coisa de volta do Estado".

"Vou me propor uma meta, embora Lula tenha ficado por oito anos, e eu só faço planos para quatro anos para mim. Tenho a meta de quebrar o recorde do Lula. Quando se esculhamba o Lula, tem que se lembrar que foi o presidente que mais abriu universidades federais no país. E assim que se muda estrategicamente uma nação", disse.

No cenário com o ex-presidente Lula (PT) na disputa, segundo o último Datafolha, Ciro aparece com 5% das intenções de voto para a Presidência. Já sem Lula na corrida, Ciro salta de 5% para 10%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos

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Sabatinas e debate

A ordem das sabatinas foi definida por sorteio. As próximas serão:

4/9 – Marina Silva (Rede)
5/9 – Luiz Inácio Lula da Silva (PT)*
6/9 – Guilherme Boulos (PSOL)
10/9 – Alvaro Dias (Podemos)
11/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)
12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)

* A princípio, quando das tratativas para as sabatinas, UOL, Folha e SBT convidaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do PT a presidente e líder nas principais pesquisas de intenção de voto para o Planalto, e entraram com recurso na Justiça Eleitoral para poder entrevistá-lo. No entanto, preso desde abril em Curitiba na Superintendência da Polícia Federal, ele foi impossibilitado de dar entrevistas por decisão judicial. Além disso, na madrugada de sábado (1º), a candidatura de Lula foi barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O PT ainda hesita em indicar o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para assumir cabeça de chapa, mas, caso a legenda formalize a troca, o novo candidato petista poderá participar da sabatina.

A parceria UOL, Folha e SBT também realizará um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro. Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos. Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral.

Veja a íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Ciro Gomes

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