Haddad afasta pressão sobre substituir Lula e diz que "bola está com STF"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

Cotado para assumir a candidatura do PT a presidente da República, o ex-ministro Fernando Haddad buscou afastar nesta quarta-feira (5) questionamentos sobre a substituição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa eleitoral, e jogou a responsabilidade para o STF (Supremo Tribunal Federal).

"Acho que a bola está na mão da Suprema Corte brasileira, que vai dar a última palavra, e não poderia ser diferente", disse, quando perguntado se a indefinição sobre a candidatura não atrapalharia o desempenho do PT. "Não tínhamos outra hipótese a não ser recorrer à Suprema Corte."

Haddad deu a declaração em entrevista na porta da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), onde cumpriu agenda nesta quarta-feira (5) e cumprimentou trabalhadores da empresa e fez um breve discurso em defesa de Lula.

A fala de Haddad está em linha com o discurso petista de que não será o partido a tirar, por sua iniciativa, Lula da disputa. Daí o recurso levado ontem ao STF, em que Lula busca garantir sua candidatura, ser tratado como a única medida possível para a legenda.

No entanto, ao vetar o ex-presidente como candidato, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deu até o dia 11 para o PT escolher um novo nome, e não há garantia de que o Supremo tomará qualquer decisão -- a favor ou contra Lula nas urnas -- até esta data. Neste cenário, se o PT não escolher ninguém até o dia 11, corre o risco de ficar sem candidato a presidente.

Além disso, há entre setores do PT a preocupação de que não haja tempo suficiente para transferir o potencial de voto hoje concentrado em Lula, que vinha liderando as pesquisas com folga, para Haddad, desconhecido por quase metade do eleitorado.

No entanto, Haddad negou estar preocupado com possíveis danos ao desempenho eleitoral do PT, e disse não ter medo de que o partido esteja perdendo tempo.

"Nunca pensamos nessa questão de cálculo eleitoral, colocando de lado valores em que a gente acredita, sobretudo a liderança do Lula", afirmou.

O relator do recurso de Lula ao STF será o ministro Edson Fachin. No TSE, Fachin foi o único dos sete ministros a votar a favor da candidatura de Lula. Ele acatou o argumento da defesa de que o Brasil deve acatar o pedido do Comitê de Direitos Humanos da ONU no sentido de que Lula deve ter o direito de concorrer. Os outros magistrados consideraram que Lula, condenado em segunda instância no caso do tríplex, está inelegível segundo os critérios da Lei da Ficha Limpa.

A agenda de Haddad hoje foi quase toda dedicada a atos com os trabalhadores de fábricas do ABC paulista, berço político de Lula, na região metropolitana de São Paulo.

O ex-ministro, que no momento está registrado como vice da coligação formada por PT, PCdoB e Pros, também fez caminhada pelo centro da cidade de Diadema, onde alguns militantes entoaram gritos de "Haddad presidente".

Haddad dividiu as agendas com Manuela D'Ávila (PCdoB), que deve assumir a vice da chapa com a definição da situação de Lula, e o ex-ministro Luiz Marinho, candidato do PT ao governo paulista.

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