Em ato na Grande SP, Haddad vira "Luiz Fernando Haddad Lula da Silva"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Osasco e Carapicuíba (SP)

  • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

    Ao lado de Manuela D'Ávila (PCdoB), candidata a vice; e do ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, Haddad parou para comer em uma das inúmeras barracas de cachorro-quente

    Ao lado de Manuela D'Ávila (PCdoB), candidata a vice; e do ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, Haddad parou para comer em uma das inúmeras barracas de cachorro-quente

Em seu primeiro corpo a corpo com eleitores depois de formalizado como candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad virou "Luiz Fernando Haddad Lula da Silva" durante ato nesta quinta-feira (13) em Carapicuíba, na Grande São Paulo.

A união dos nomes foi promovida pelo locutor do ato, reforçando a tônica da campanha petista, que busca a todo custo convencer o eleitorado que Lula e Haddad são uma coisa só.

Vestindo uma camisa vermelha com o rosto de Lula estampado, Haddad caminhou por um calçadão de Carapicuíba vazio, apesar do horário comercial. O candidato parou em algumas lojas para cumprimentar eleitores, sempre cercado por militantes e candidatos do PT e do PCdoB.

De lá, Haddad seguiu para o calçadão da vizinha Osasco, onde a recepção foi mais numerosa e calorosa, despertando a curiosidade dos trabalhadores do comércio local. Ao lado de Manuela D'Ávila (PCdoB), candidata a vice; do ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza (PT), candidato a deputado estadual; e do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, protagonizou uma cena típica de campanha eleitoral na rua: parou para comer em uma das inúmeras barracas de cachorro-quente do calçadão.

Alguns metros adiante, nova parada, desta vez para cantar "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, ao lado de uma dupla de sanfoneiros e puxar um coro em apoio a Lula.

Ao longo da caminhada, militantes reclamaram de não conseguir chegar perto para tirar fotos com o candidato, que andou o tempo todo cercado por um cordão humano de seguranças.

"Eu quero ver quem é esse Haddad", disse em voz alta uma senhora que passava pelo calçadão, de celular em punho.

A presença de seguranças em torno de Haddad foi mais ostensiva do que em compromissos públicos realizados pelo petista antes de ele ser confirmado como candidato do partido, o que aconteceu na terça (11). No fim do percurso, quando parou para falar com a imprensa, Haddad foi perguntado se vestia um colete à prova de balas. 

"Quer que eu mostre minha barriga tanquinho para você?", respondeu, em tom de brincadeira.

Haddad discursou nas duas cidades, deixando clara a estratégia de convencimento do eleitorado: lembrar que foi escolhido por Lula como candidato; que foi ministro da Educação de Lula; e que falta pouco tempo para o primeiro turno. 

"Lula disse: toma a tocha na tua mão e diz pro povo que você me representa, e eu represento você", disse Haddad de cima de um trio elétrico em Carapicuíba, onde também falou de creches construídas na cidade com apoio do Ministério da Educação na sua gestão.

Nas duas cidades, o candidato foi apresentado por ex-prefeitos que agora disputam vagas de deputado estadual, Sérgio Ribeiro (Carapicuíba) e Emídio de Souza (Osasco). Os dois locais já foram fortes redutos petistas. Ribeiro teve dois mandatos como prefeito (2009-2016), assim como Emídio (2005-2012) -- desempenho que não se repetiu nas duas últimas eleições municipais, em 2016.

Nas eleições presidenciais de 2014, Dilma perdeu para Aécio Neves (PSDB) no segundo turno em Osasco e Carapicuíba, ao contrário de 2010, quando superou José Serra (PSDB).

Haddad encara o desafio de se tornar conhecido da maior parte do eleitorado como o candidato de Lula a tempo do primeiro turno. No Ibope de terça (11), ele teve 8% das intenções de voto, embolado com mais três candidatos no segundo lugar.

Amanhã, o concorrente petista faz campanha no Centro do Rio e dá entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo. No sábado, visita as cidades de Vitória da Conquista e Jequié, ambas no interior da Bahia, ao lado do governador baiano Rui Costa, candidato à reeleição.

Críticas de Ciro

Em entrevista em Osasco, Haddad não quis rebater a declaração de Ciro Gomes (PDT), com quem disputa o espólio eleitoral de Lula, de que "o Brasil não aguenta uma nova Dilma".

"Nós adotamos uma estratégia, até o final da campanha, de só falar de propostas, só comparar propostas. Então, se você tiver alguma proposta dele que você queira que eu comente, eu comento", respondeu. "Mas esse tipo de ataque pessoal, nós não vamos responder."

Perguntado sobre a política de preços que adotaria para a Petrobras, Haddad afirmou que o lucro dos acionistas vai ser "respeitado", mas que o governo usará seu poder sobre a companhia para atender o "interesse nacional".

"Nós vamos adotar a política quando a Petrobras atingir o máximo da sua valorização", declarou.

Haddad negou que tenha proposto o gasto das reservas que o governo tem em moeda estrangeira em investimentos. Segundo o candidato, a ideia é "emprestar" 10% das reservas para projetos de energia renovável.

Haddad também propôs a cessão de terrenos federais em regiões metropolitanas para o programa Minha Casa, Minha Vida "onde já tem infraestrutura, para o trabalhador não ter de se deslocar", e a criação de autoridades metropolitanas de transporte urbano como forma de baratear a mobilidade para trabalhadores de baixa renda.

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