Em semana decisiva, Ciro mira redutos petistas e centra ataques em Haddad
Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
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Janaina Garcia/UOL
Ciro durante agenda em Suzano (Grande SP) nessa segunda (1º)
Estagnado na terceira posição nas últimas pesquisas feitas por Ibope e Datafolha, Ciro Gomes (PDT) deve intensificar ao longo desta semana uma investida que busque alertar o eleitor sobre os riscos de uma polarização entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), os dois primeiras colocados nas pesquisas, e, com isso, desidratar votos do petista.
Além das críticas sobre os extremos que ele afirma estarem representados nas duas candidaturas, o pedetista também visitará nichos tradicionais do eleitorado petista, caso do ABC Paulista, berço do movimento sindical que alçou Luiz Inácio Lula da Silva à política, da Bahia e de Pernambuco, estados em que o PT lidera as intenções de voto.
No debate da TV Record, na noite de domingo (30), Ciro fez críticas ao petista ao questioná-lo sobre a proposta de criar "condições" para convocar uma nova Assembleia Nacional Constituinte, que seria uma ideia de Lula, segundo Haddad. "Você não acredita numa única palavra do que acabou de dizer. Não existe poder constituinte no presidente da República", rebateu Ciro, para quem apenas o Congresso tem o poder para chamar uma Assembleia para mudar a Constituição.
Nessa segunda, durante agenda em Suzano, na Grande São Paulo, o pedetista voltou a criticar Haddad ao considerar a proposta antidemocrática e a comparou àquela defendida pelo vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão (PRTB), dias atrás, sobre uma nova Constituição organizada por uma assembleia de notáveis.
Em Suzano, Ciro ressalvou ver na candidatura de Bolsonaro "uma tradição muito mais violenta e muito menos democrática do que a tradição de onde vem o Haddad", embora pontuasse: "Acorda, brasileiro. O primeiro movimento do autoritário, daqueles que têm a ânsia desmedida de poder é quebrar a regra", sugeriu. No debate, o petista disse que sua proposta é diferente da intenção de Bolsonaro.
Outra crítica a Haddad feita pelo pedetista nas últimas agendas públicas é o fiasco eleitoral de 2016, quando o petista foi derrotado por João Doria (PSDB), ao tentar a reeleição para a prefeitura de São Paulo, já no primeiro turno. Ciro tenta colar, pelo exemplo, a ideia de que Haddad não teria as qualificações ou a experiência necessárias para assumir a Presidência, uma vez que não teria feito a 'lição de casa' ao ser reprovado para um segundo mandato.
Para o presidente nacional do partido e um dos coordenadores de campanha de Ciro, Carlos Lupi, os últimos dias serão decisivos para os pedetistas explorarem inconsistências dos dois líderes nas últimas pesquisas e reforçarem a imagem do ex-governador do Ceará como a terceira via capaz de, nas palavras repetidas por Ciro, "unificar o país".
"É uma semana decisiva, porque, na nossa avaliação, quando uma maioria silenciosa começa a se movimentar para decidir o voto –acreditamos que em torno de 40% decidam nestes dias em quem votar", definiu.
Lupi ironizou o fato de uma das últimas agendas em São Paulo, nesta terça (2), com funcionários da GM em São Caetano, ser em reduto metalúrgico onde Lula fora eleito outras vezes. "Creio que o PT já foi destronado desses lugares, basta ver a última eleição", resumiu Lupi.
Tanto São Caetano quanto São Bernardo, cidade que sedia do sindicato dos metalúrgicos do ABC e onde mora a família do ex-presidente, são governadas desde 2016 pelo PSDB.
Ainda esta semana, Ciro estará no Rio, onde participa quinta (4) de debate da TV Globo, em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), estados liderados por Haddad e em uma região na qual, sem o ex-prefeito paulistano ainda confirmado, e sem Lula, Ciro chegara a liderar as intenções de voto. O encerramento da campanha de primeiro turno será no Ceará, nas cidades de Sobral e Fortaleza, para as quais Ciro viaja no fim de semana e onde vota e acompanha a apuração.
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