Alianças e derrota em SP fazem Haddad virar alvo em debate com vices

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

O candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, foi o principal alvo no debate entre as candidatas a vice-presidente promovido nesta terça-feira (2) pelo UOL em parceria com a "Folha de S.Paulo" e o SBT.

A campanha da chapa PT-PCdoB norteou os principais embates travados entre a vice de Haddad, Manuela D'Ávila (PCdoB), a de Ciro Gomes (PDT), Kátia Abreu (PDT), e de Geraldo Alckmin (PSDB), Ana Amélia (PP). Também convidados, o vice de Marina Silva (Rede), Eduardo Jorge (PV), e de Jair Bolsonaro (PSL), Hamilton Mourão (PRTB), optaram por não participar do debate.

Ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad foi criticado por Kátia e por Ana Amélia pelo o que elas consideraram falta de capacidade técnica e de experiência política do candidato.

Ações futuras de combate à corrupção, frente a críticas do PT à Operação Lava Jato, e os apoios buscados por Haddad junto a apoiadores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) –como Eunício Oliveira e Renan Calheiros, ambos do MDB –também foram motivos de críticas.

A vice de Ciro adotou um tom irônico ao mencionar a experiência de Haddad no Ministério da Educação, citada pela campanha petista para justificar experiência política dele, e ao citar o resultado da eleição de 2016, quando Haddad buscava a reeleição na Prefeitura de São Paulo, mas perdeu no primeiro turno.

"Em que pese ele [Haddad] ter as melhores intenções, ele não conseguiu ser um bom prefeito e agradar a população. Demonstrou não ser o gestor que São Paulo esperava e fica sempre escapando por seus bons feitos no Ministério da Educação", disse Kátia.

"O PT está brincando à beira do abismo. Não há nenhuma condição de Haddad assumir, ele não soube governar São Paulo, foi reprovado, não terminou o ensino médio e agora quer fazer a graduação. A Presidência não é escola para ninguém", completou.

Haddad e Ciro são adversários diretos na briga por uma vaga no segundo turno. As últimas pesquisas de intenção de voto têm sido lideradas por Jair Bolsonaro (PSL), com o petista isolado no segundo lugar e Ciro em terceiro – em empate técnico com Alckmin.

Para refutar a senadora, Manuela citou derrotas eleitorais de Ciro e Alckmin –o pedetista, por exemplo, em outras duas tentativas ao Planalto; o tucano, na derrota para Lula em 2006.

"Se perder eleição fosse critério para governar, ninguém estaria aqui. O debate também é sobre quem aceita regras", afirmou. Ela se referia à adoção do mote #EleNão, contrário a Bolsonaro, no segundo turno, e sobre o qual perguntara às adversárias.

As ações de combate à corrupção, mencionada no debate por meio da Lava Jato, também renderam críticas ao petista. A vice do tucano, que enfatizou que "o segundo turno não está definido", disse temer pelo futuro da operação, dependendo do resultado.

"Eu temo pelo futuro da Lava Jato. Dependendo da eleição, o PT não pode ter esse discurso de que é uma perseguição do juiz [Sergio] Moro contra o ex-presidente Lula", disse Ana Amélia.

"A corrupção tomou conta do Brasil, precisamos das instituições de controle, não podemos deixar de aplaudir a coragem da Lava Jato, mas temos que discutir sobre abuso de poder", afirmou Kátia Abreu.

Manuela rejeitou a hipótese de a chapa, uma vez eleita, barrar ações de combate à corrupção. "Existem os governos que combatem a corrupção e outros que jogam para debaixo do tapete. Não há um brasileiro que não perceba as motivações políticas do juiz Sergio Moro", criticou.

Alianças pós-impeachment

O impeachment de Dilma também foi usado pelas adversárias de Manuela para direcionar críticas à campanha petista. "Vices precisam representar segurança para o presidente. Confio cegamente no Ciro. Se eu fosse vice de Dilma, ela não sofreria o impeachment", declarou Kátia.

"Uma situação como o que ocorreu com Dilma não ocorreria com Alckmin, ele e eu somos ficha limpa", reforçou Ana Amélia.

A pedetista também mencionou a busca de Haddad por Eunício e Renan, ainda que o MDB, e os próprios senadores, tenham trabalhado para a queda da petista.

"As pessoas estão revoltadas com razão. Depois de tudo que passamos, agora vemos o candidato Haddad abraçado com quem apoiou o impeachment. Eu acredito que houve golpe, para mim é inadmissível", definiu a vice de Ciro.

"Que bom que tem gente que demorou muito menos para reconhecer o golpe de agora do que o de 1964, porque há quem até hoje não veja que houve ditadura", retrucou Manuela, que completou: "Esse ambiente de diálogo vai voltar a existir, porque há necessidade de fazer o Brasil crescer, o ambiente de 2016 não se repetirá."

Assista à íntegra do debate entre candidatas a vice-presidente

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