Haddad pede união democrática e diz que "argumento" será única arma do PT

Bernardo Barbosa e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

Haddad: 'O argumento é nossa única arma'

Em seu primeiro pronunciamento após a confirmação de que está no segundo turno da disputa pela Presidência da República contra Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PT, Fernando Haddad, agradeceu os votos recebidos, se disse honrado por poder disputar a próxima etapa da eleição, "desafiado" pelos números do primeiro turno e afirmou que há "muita coisa em jogo" no pleito deste ano.

O petista acompanhou a apuração ao lado de correligionários e das principais lideranças do partido em um hotel na zona sul de São Paulo, onde deu entrevista coletiva por volta das 21h30.

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Haddad iniciou seu discurso com um agradecimento a sua família, ao PT, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tratado por ele como a "maior liderança" do partido. O candidato também agradeceu PCdoB e Pros, que formam a coligação com o PT.

O petista disse celebrar a democracia e a liberdade. "Não vou abrir mão dos meus valores, dos meus valores familiares inclusive", declarou. "O segundo turno nos abre uma oportunidade de ouro: de vencer essa eleição olho no olho, no debate, sem medo do melhor argumento".

O presidenciável disse querer "unir os democratas do Brasil" no segundo turno. Segundo ele, a nova etapa da eleição é uma "oportunidade inestimável que o povo nos deu". Ele afirmou ainda que o pacto da Constituição de 1988 está em jogo. "Queremos enfrentar esse debate muito respeitosamente."

"Queremos um projeto profundamente democrático, mas que busque de forma incansável justiça social", declarou Haddad. "Participamos de todas as eleições desde 1989 e nós asseveramos: essa coloca muita coisa em jogo."

Em provocação indireta a seu rival no segundo turno, Jair Bolsonaro, Haddad afirmou que a única arma de sua campanha será o "argumento". Revogar o estatuto do desarmamento é uma das principais bandeiras do candidato do PSL. "Nós não portamos armas. Nós vamos com a força do argumento em defesa do Brasil e seu povo", disse o petista. "Viva o Brasil, viva a democracia, viva o povo brasileiro", finalizou.

Haddad ainda afirmou que já conversou com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) após a divulgação dos dados do TSE, mas não disse se firmou alianças com estes candidatos. Ele se referiu a Boulos como "boa novidade do país".

Da apreensão ao alívio

Até que houvesse o primeiro sinal de possibilidade de segundo turno, o clima era de apreensão entre os militantes presentes no hotel. Os semblantes dos petistas e aliados presentes demonstravam tensão. 

As razões eram as primeiras pesquisas boca de urna referentes às disputas estaduais e aos números de apuração que confirmavam derrotas importantes de petistas, como as de Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Suplicy (SP) para o Senado, e a de Fernando Pimentel, que buscava a reeleição para o governo mineiro e ficou fora do segundo turno.

Ao mesmo tempo, candidatos ligados a Bolsonaro apareciam com destaque, apresentando números distintos aos apontados pelas pesquisas de intenção de voto. Foram os casos de Major Olímpio (PSL) na busca por uma cadeira no Senado por São Paulo e de Wilson Witzel (PSC), que disputa o governo do Rio de Janeiro. O medo de petistas era de que houvesse uma onda de votos em favor de Bolsonaro na última hora, encerrando a disputa pelo Planalto já no primeiro turno.

Porém, a pesquisa boca de urna para presidente, divulgada às 19h pelo Ibope, mudou esse cenário. O silêncio que predominava no hotel foi quebrado assim que se indicou a projeção de 28% dos votos válidos para Haddad e 45% para Bolsonaro. Os números foram recebidos com gritos e abraços entre os petistas. Eles comemoraram a projeção de segundo turno, que acabou confirmada mais tarde com os números oficias do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Em conversas informais, petistas adotavam cautela enquanto não entrava a maioria dos votos do Sudeste e, principalmente, do Nordeste, região que é reduto petista e onde o partido confiava em um desempenho que garantisse Haddad no segundo turno. E, dado o avanço de Bolsonaro e apoiadores em vários estados, a garantia de uma nova etapa no pleito presidencial, e não de um desempenho específico de Haddad, era o resultado mais aguardado pelos petistas.

De manhã, Haddad fez acenos a Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). O candidato também manifestou a intenção de ampliar alianças para além dos partidos, buscando "pessoas que tenham uma biografia de serviços prestados ao país, para ampliar e governar com unidade, para a reconstrução democrática do país". Ele também afastou a ideia de que a rejeição --elevada tanto a ele como a Bolsonaro—será fato preponderante neste pleito.

O comando da campanha deve se reunir na tarde de segunda (8) para definir os próximos passos de Haddad. O ex-ministro Jaques Wagner (PT), eleito senador na Bahia, deve ser incorporado à coordenação para atuar na articulação de alianças para o segundo turno.

No mesmo dia, mais cedo, Haddad irá a Curitiba visitar o ex-presidente Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

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