Bolsonaro hesita sobre debate e diz que perseguição a Haddad é "mimimi"

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) afirmou ao UOL, neste sábado (13), que, ainda que seja liberado pelos médicos, só participará dos debates do segundo turno "se achar que deve". "Se achar que não, a gente não vai participar", comentou ele. O presidenciável também criticou o adversário, Fernando Haddad (PT), que afirmou na sexta-feira (12) ter sido perseguido por um "ativista do Bolsonaro", em Brasília.

"Nem dá para responder que eleitores meus fecharam ele. Isso é coisa de criança, de moleque, gente que não tem o que fazer", declarou.

"O Brasil tem que estar na mão de homens e mulheres de responsabilidade. Sem 'mimimi'. Condeno qualquer ataque, qualquer que seja, por questão política ou outra qualquer. (...) Não tem o que falar, fica esse mimimi. Estão achando que eu vou ficar com pena, se é que foi verdade, né? Porque o PT sem mentir não é PT."

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Bolsonaro recebeu a reportagem do UOL e equipes da BandNews FM e do SBT na casa do empresário Paulo Marinho, onde foi montado um estúdio para gravação do horário eleitoral do segundo turno, no Jardim Botânico, na zona sul carioca. Ele reafirmou o que havia dito em coletiva na última quinta-feira (11), quando declarou considerar a possibilidade de uma ausência "estratégica" nos debates. De forma mais taxativa, o presidenciável revelou que "no tocante a participar ou não de debates, vai entrar a questão de estratégia".

Sobre os episódios de violência pelo país envolvendo eleitores do pesselista, Bolsonaro respondeu que "foram 13 anos de PT [em referência aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff] e a violência [no período] cresceu assustadoramente no Brasil". "Eles investigaram o caso [do ex-prefeito de Santo André] Celso Daniel? Líderes deles, como a própria Gleisi Hoffmann e Benedita da Silva, têm falado abertamente de sangue, mortes, escalpelar."

Haddad declarou na sexta que um suposto "ativista do Bolsonaro" o perseguiu após um evento organizado pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Na versão do petista, houve uma tentativa, inclusive, de fechar o veículo da comitiva, em alta velocidade. "No trânsito até o hotel, onde nós passamos a fazer a coletiva para evitar transtornos, ele seguiu numa 4x4 a nossa comitiva e tentou realmente furar a comitiva, fazendo gestos, em alta velocidade, para tentar interceptar os nossos carros", explicou.

Veja a íntegra da entrevista de Bolsonaro ao UOL

Privatizações

Bolsonaro disse estar convicto de que "o mercado vai gostar" do plano de privatizações que será apresentado por ele e por seu guru econômico, Paulo Guedes, caso a chapa triunfe na eleição. "O Paulo Guedes tinha uma ideia de momento, e eu tinha outra. Nós juntamos. Hoje em dia, [há] o apoio [a] praticamente 90% das ideias do senhor Paulo Guedes. Vamos privatizar com muita responsabilidade."

O candidato a presidente declarou que pretende vender as "quase 50 estatais criadas pelo PT". Após essa fase, ainda faltariam cem empresas públicas a serem consideradas. "Essas outras a gente tem que ter um modelo e privatizar com responsabilidade. Logicamente, as essenciais e estratégicas nós não privatizaremos", disse ele, citando o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e Furnas.

"Como um todo, tenho certeza que o mercado gostará do nosso plano de privatizações até porque é uma maneira a mais de você combater a corrupção. O Estado tem que estar com aquilo que é essencial em suas mãos e estratégico."

Rejeição e Nordeste

Questionado sobre qual tática adotará no segundo turno a fim de reduzir a rejeição, Bolsonaro respondeu que os resultados das urnas são uma fotografia que mostra o contrário do que é apontado pelas pesquisas eleitorais. Citou como exemplo a preferência entre as mulheres.

"Há pouco diziam que eu tinha uma rejeição enorme entre as mulheres. "O resultado não mostrou isso daí, muito pelo contrário. Agora insistem no tocante ao Nordeste. Nunca um candidato de oposição ao PT teve uma votação tão maciça quanto eu tive no corrente ano. Ganhamos em cinco das nove capitais do Nordeste."

A campanha do PSL tem mirado no eleitorado nordestino a fim de comprovar em 28 de outubro, data da votação, o cenário de favoritismo que se desenhou a partir do primeiro turno do pleito. Na coletiva da última quinta, por exemplo, o presidenciável encerrou o evento colocando um chapéu de cangaceiro. Além disso, peças do seu horário eleitoral também têm foco nos eleitores do Nordeste --a única região na qual ele foi menos votado que o adversário, Fernando Haddad.

"Nós estamos cada vez mais nos aproximando do povo nordestino com a verdade, diferentemente da esquerda e do Haddad, que chega lá e diz que nós vamos acabar com o décimo terceiro e com o Bolsa Família", comentou. "A minha filha tem em suas veias sangue de cabra da peste porque o meu sogro é de Crateús."

Bolsonaro tentou se esquivar do rótulo de favorito, mas disse acreditar que "o jogo está 17 milhões de votos à frente" do oponente petista.

"[Vamos] tentar colocar a bola para frente, mas com muito respeito ao adversário. O jogo está 17 milhões de votos à frente do adversário. Ele está apavorado, me atacando o tempo todo com fake news. Não vai conseguir. Está vivo na memória do povo brasileiro o que foi 13 anos de governo do PT."

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