Bolsonaro não vai participar de debates no 2º turno: "é secundário"
Gustavo Maia
Do UOL, no Rio
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Reprodução/Youtube
17.ago.2018 - Jair Bolsonaro (PSL) durante debate da RedeTV! no primeiro turno
O presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, declarou nesta quinta-feira (18) que o presidenciável Jair Bolsonaro não vai participar de nenhum debate com o candidato do PT, Fernando Haddad, no segundo turno das eleições e nem terá condições de viajar.
A justificativa, segundo ele, é o desconforto causado pela bolsa de colostomia presa ao seu corpo desde que levou uma facada no mês passado, além de questões de segurança.
"Ele não vai participar de qualquer debate", declarou Bebianno, em entrevista coletiva no fim da tarde. Pela manhã, a equipe médica que cuida do candidato o reavaliou em sua casa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, e disse que a participação em debates depende apenas do próprio Bolsonaro, apesar de a colostomia impor limitações.
"Apesar da melhora que ele vem tendo, o seu estado ainda é de absoluto desconforto e se submeter a uma situação de alto estresse sem nenhum motivo porque discutir com um poste, como disse o candidato Jair Bolsonaro, quem discute com poste é bêbado", declarou.
Em entrevista exclusiva à TV Globo, Bolsonaro confirmou que não irá e justificou: "debate é secundário".
"Eu poderia me submeter a uma aventura, mas poderia ter uma consequência péssima para minha saúde. Levando-se em conta a restrição, a minha saúde e a gravidade do que ocorreu, a tendência é eu não participar de debates. Não posso abusar nesse momento. Questão de debate é secundário. Da minha parte, até gostaria porque não teria dificuldade de debater com preposto com um poste do Lula."
Bebianno rechaçou qualquer prejuízo eleitoral pelo fato de o presidenciável não debater com seu adversário no segundo turno. "Não é ruim porque a campanha vem sendo feita", declarou.
"Houve o primeiro turno em que ele participou de debates. Concedeu um sem número de entrevistas. O contato que ele estabelece é com o eleitor. Tem muito apreço pelo trabalho da grande imprensa. Tem dado entrevistas continuamente, mas o seu contato é com o eleitor, como ele vem fazendo ao longo dos últimos anos", afirmou.
"Os eleitores já sabem em quem vão votar. Os eleitores já sabem o que significaria ter o PT de volta. O atraso, a corrupção, a violência, o ensino de péssima qualidade. O PT destruiu o Brasil", acrescentou.
O dirigente partidário foi instado a comentar como Bolsonaro pôde cumprir dois compromissos nesta quarta, as visitas à Arquidiocese do Rio e à sede da Polícia Federal, e disse que ambas foram muito rápidas, "sem nenhum nível de estresse".
"Foi fazer uma visita a uma instituição religiosa e depois uma visita à Polícia Federal. Duas visitas breves, voltou rapidamente para casa. Lugares que não são públicos, então qualquer problema haveria a possibilidade de ir ao banheiro", explicou.
"Não foi um debate aberto, ao vivo, na televisão. Enfim, ele não tem obrigação de comparecer, é uma decisão não comparecer", disse, lembrando em seguida que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não participou de confrontos com adversários de acordo com a estratégia dele.
Viagens
Questionado sobre o desejo de Bolsonaro de ir ao Nordeste, única região onde ele perdeu no primeiro turno, Bebianno afirmou que ele não tem condições físicas. "Ele não pode estar misturado em multidões, qualquer esbarrão pode provocar uma regressão do seu quadro. Ele não pode viajar. Não viajará, até por questões de segurança, porque já foi quase assassinado", declarou.
"Então ele fez o dever de casa dele ao longo de quatro anos, rodando o Brasil. É como aquele estudante que se preparou, e não adianta querer se matar de estudar na véspera da prova. Isso aí é coisa de petista que não se preparou para as eleições", concluiu Bebianno.
O cirurgião Antônio Luiz Macedo, que atende o presidenciável, disse nesta quinta-feira (18) que, "clinicamente, ele [candidato] teria, sim, condições físicas de ir ao debate". Além disso, segundo o médico afirmou ao UOL, o pesselista já se encontra em condições de retomar as atividades de campanha na rua e, inclusive, se deslocar de avião a outros estados.