Haddad diz que Bolsonaro caiu entre evangélicos no Ibope porque ele mente

Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • DARIO OLIVEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

    24.out.2018 - Fernando Haddad (PT) concede entrevista a jornalistas antes de discursar durante ato de sua campanha no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo

    24.out.2018 - Fernando Haddad (PT) concede entrevista a jornalistas antes de discursar durante ato de sua campanha no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo

O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quarta-feira (24) que os evangélicos se sentiram "traídos" por mentiras contadas por seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL). Haddad fez a associação ao comentar um recorte da pesquisa Ibope divulgada ontem (23), que apontou que Bolsonaro perdeu 7 pontos nas intenções de voto entre os evangélicos.

"O evangélico sabe o que é a palavra verdade, o significado que ela tem na Bíblia. E sabe também o significado da palavra mentira", declarou o petista em entrevista concedida a jornalistas pouco antes de participar de um ato no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo.

"Quando o meu adversário começou a mentir, os evangélicos se sentiram traídos. É isso que está impulsionando o voto evangélico."

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Segundo o Ibope, Bolsonaro tem 59% dos votos válidos entre o eleitorado evangélico, contra 27% de Haddad. Em 15 de outubro, o candidato do PSL liderava nesse segmento com 66% a 24% dos votos válidos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Na reta final do primeiro turno, o líder da Igreja Universal, bispo Edir Macedo, declarou apoio a Jair Bolsonaro. No dia 12 de outubro, Haddad afirmou que o adversário era "o casamento do neoliberalismo desalmado" de seu eventual futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, com o "fundamentalismo charlatão" de Edir Macedo.

No mesmo dia, a Universal divulgou nota oficial em que repudiava a "fala criminosa" do candidato petista. "Charlatão é o candidato que mente para o povo para ser eleito. Fome de dinheiro tem o partido político que assalta estatais e os cofres públicos para sustentar uma estrutura que a Justiça definiu como 'organização criminosa'", disse a igreja.

Haddad já se encontrou com grupos de entidades evangélicas neste segundo turno e se aproximou de grupos de outras religiões.

Segundo o Ibope, além de liderar entre evangélicos, Bolsonaro também está à frente entre outros grupos: 47% a 41% entre católicos e 45% a 38% entre outras religiões.

Ao longo desta campanha de segundo turno, Haddad tem reclamado de fake news contra ele e o PT e tem usado este argumento para justificar a vantagem do rival em alguns segmentos, entre eles os evangélicos. O candidato já chegou a associar Bolsonaro a um suposto esquema de disseminação de notícias falsas.

Após a publicação de uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", que denunciou um esquema de disparo de mensagens contra o PT financiado por empresários, o partido foi à Justiça Eleitoral para pedir que Bolsonaro seja investigado. Na última sexta (19), o TSE abriu prazo para o candidato do PSL e as empresas envolvidas na denúncia se manifestarem.

Petista chama Bolsonaro de "frouxo" por ausência em debates

Na entrevista e no discurso feito durante o ato desta quarta-feira, Haddad voltou a disparar críticas a Jair Bolsonaro. Aos jornalistas, o petista afirmou que as instituições se sentem "ameaçadas" pela família Bolsonaro e "por tudo o que ele representa".

Ele ainda tornou a criticar o candidato do PSL por não participar de debates e o chamou de "frouxo". Os dois candidatos à Presidência não se enfrentaram em nenhum debate, já que Bolsonaro só participou de encontros do primeiro turno antes da confirmação da candidatura de Haddad e, neste segundo turno, negou participação em todos os encontros propostos por emissoras de TV. Bolsonaro tem alegado questões físicas, uma vez que se recupera de uma facada sofrida no dia 6 de setembro, e motivos estratégicos para não participar dos debates.

Hoje, o TSE negou um pedido da Haddad para que a TV Globo o entrevistasse no período destinado para o debate previamente marcado para esta sexta-feira (26). Na última segunda (22), a emissora cancelou o encontro diante da recusa de Bolsonaro e informou que não faria entrevista individual com os candidatos no horário do debate.

"Ele não vai a debates porque é frouxo. Não tem hombridade de debater comigo os destinos do país. Não pode ser presidente uma pessoa que foge tanto", disse Haddad.

No palanque, Haddad fez um discurso de menos de 10 minutos. Bastante rouco, o candidato petista disse que Bolsonaro "está a duas entrevistas da derrota".

"Fala o que você pensa. Você vai tomar uma surra do povo brasileiro no domingo", discursou, referindo-se ao adversário. "Você não merece a confiança do povo. Esse país é muito melhor do que você."

Haddad abriu o discurso falando que "o mercado está nervoso", e que a queda na Bolsa de Valores de São Paulo hoje se deve a uma "queda" de Bolsonaro. "Toda vez que o candidato do banqueiro cai, a bolsa cai junto", afirmou. "Quando fazem isso, dão um sinal de que estão com medo."

Questionado por jornalistas sobre a fala de ontem do rapper Mano Brown, que durante um ato de apoio a Haddad no Rio fez duras críticas à atuação recente do PT, o candidato disse que Brown falou "uma coisa que é pura verdade".

"A gente tem que reconectar com a periferia, tem que reconectar com a dor das pessoas que estão sofrendo". Ele negou, no entanto, que a declaração de Brown fosse uma espécie de mea culpa do PT.

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