Bolsonaro presidente: Sudeste e Sul têm peso decisivo na eleição

Amanda Rossi - Da BBC News Brasil em São Paulo

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    Mapa mostra desempenho de Bolsonaro (verde) e Haddad (vermelho) nos Estados - cores mais claras indicam vitória mais apertada

    Mapa mostra desempenho de Bolsonaro (verde) e Haddad (vermelho) nos Estados - cores mais claras indicam vitória mais apertada

Neste domingo, o Brasil elegeu um presidente de oposição ao PT pela primeira vez desde 1998. Após duas vitórias de Luiz Inácio Lula da Silva e duas de Dilma Rousseff, todas contra o PSDB, Jair Bolsonaro (PSL) derrotou o petista Fernando Haddad por 55,13% a 44,87% dos votos válidos.

A geografia do voto ajuda a entender essa mudança histórica. No país como um todo, o PT teve 7,5 milhões de votos a menos que em 2014, quando venceu o adversário por uma margem apertada. A maior parte dessa perda ocorreu nas regiões Sudeste e Sul - 6,5 milhões de votos a menos.

Dessa forma, as duas regiões tiveram um peso decisivo na derrota do PT.

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No Sudeste e no Sul, Bolsonaro abriu grande vantagem, conquistando quase o dobro de votos de Haddad - 39,4 milhões, contra 20,1 milhões. Já no Nordeste, a votação do PT se manteve no mesmo patamar das eleições anteriores, fazendo com que o ex-ministro de Lula tivesse mais que o dobro de votos de Bolsonaro - 20,3 milhões, contra 8,8 milhões.

No balanço geral, Haddad venceu em todos os Estados do Nordeste e em dois Estados do Norte. Bolsonaro venceu em todo o restante do país.

A BBC News Brasil apresenta abaixo alguns gráficos que ajudam a entender o peso de cada região na votação de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad neste segundo turno das eleições 2018, além de mudanças em relação a eleições anteriores e a comparação com o primeiro turno.

Em 16 anos, votação do PT cai quase pela metade no Sudeste

Eleição após eleição, a votação do PT no segundo turno foi diminuindo gradativamente. Em 2002, Lula teve 61,3% dos votos válidos no país. Em 2006, 60,8%. Quatro anos depois, Dilma obteve 56%. Ao se reeleger, em 2014, a petista ficou com 51,6%.

Agora, Haddad fechou as eleições com 44,87%. Em 16 anos, a queda é de 16 pontos percentuais.

Essa perda não ocorreu no Brasil como um todo. Pelo contrário, ficou concentrada em algumas regiões, principalmente no Sudeste. Entre 2002 e 2018, a votação do PT na região caiu quase pela metade, de 63% para 35%. Como o Sudeste tem o maior número de eleitores do país, isso representou uma enorme redução de votos para o partido de Lula.

O gráfico abaixo mostra que, até 2010, o Sudeste destinava mais votos para o PT que qualquer outra região do país. A partir de 2014, o Nordeste assumiu a liderança, por pouca diferença - cerca de 300 mil votos a mais.

Em 2018, a vantagem nordestina sobre o Sudeste no apoio ao PT saltou para mais de 5 milhões de votos.

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Já no Sul, também entre 2002 e 2018, o percentual de votos do PT despencou de 59% para 32%. A região tem o terceiro maior eleitorado do Brasil.

O PT também perdeu apoio no Centro-Oeste (de 57% para 33%) e no Norte (de 58% para 48%) - como essas regiões são menos populosas, acabam tendo um peso menor na votação nacional.

No Nordeste, por sua vez, o PT se manteve muito forte. Enquanto Lula obteve 61,5% dos votos da região em 2002, Haddad terminou o segundo turno com 69,7%. A região tem o segundo maior eleitorado do país. Assim, o Nordeste evitou uma queda muito maior do PT.

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O número de votos que cada região deu a Bolsonaro e Haddad

Jair Bolsonaro teve 28 milhões de votos no Sudeste, sua maior votação regional. Em seguida, se sobressaiu no Sul, com 11 milhões de votos. E então no Nordeste, com 8,8 milhões.

Haddad, por sua vez, teve mais votos no Nordeste, 20,3 milhões. No Sudeste, registrou 15 milhões de votos. E no Sul, 5 milhões.

Assim, a vantagem de Bolsonaro no Sudeste chegou a 13,3 milhões de votos. Enquanto a de Haddad no Nordeste atingiu 11,4 milhões de votos.

O gráfico mostra o total de votos de Bolsonaro e Haddad em cada uma das cinco regiões brasileiras. Cada cor representa um candidato. Quanto mais alta a barra, maior o número de votos.

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É possível ver o tamanho da vantagem de Bolsonaro sobre Haddad no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste. E a liderança de Haddad no Nordeste. A única região do país que ficou dividida foi o Norte, com Bolsonaro apenas um pouco à frente do petista.

Outra forma de olhar para os dados é dividir a barra de votação total de cada candidato pelas regiões, como no gráfico a seguir. A primeira barra mostra os 55,14% de Jair Bolsonaro. A segunda, os 44,86% de Fernando Haddad.

A grande maioria dos votos de Jair Bolsonaro, 68%, teve origem no Sul e Sudeste. São 10 pontos percentuais a mais do que o peso dessas regiões no eleitorado brasileiro - ou seja, 58% dos eleitores do país vêm dessas duas regiões.

Já o desempenho do candidato no Nordeste foi baixo. Ali, o militar reformado conquistou 15% dos seus votos, quando a região representa 27% do eleitorado.

No caso de Haddad, o cenário é o oposto. De todos os votos no candidato, 43,1% foram no Nordeste. É mais do que o petista obteve nas regiões Sul e Sudeste juntas, 42,9%.

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Haddad teve 15,7 milhões de votos a mais que no 1º turno

Em relação ao primeiro turno, tanto Jair Bolsonaro quanto Fernando Haddad ganharam mais votos. A diferença é que Haddad conquistou muito mais: 15,7 milhões de votos. Jair Bolsonaro, por sua vez, amealhou mais 8,5 milhões de votos.

Com isso, a diferença entre os dois candidatos diminuiu do primeiro para o segundo turno. Em 7 de outubro, Bolsonaro teve 17,9 milhões de votos a mais que Haddad. Já na votação do último domingo, a vantagem do capitão da reserva do Exército caiu para 10,7 milhões de votos.

Essa diferença é muito maior do que a vista no segundo turno das eleições de 2014, quando Dilma Rousseff venceu de Aécio Neves (PSDB) por uma margem de 3,5 milhões de votos. Por outro lado, é uma vantagem menor do que nas eleições de 2010 (12 milhões de votos), 2006 (20,7 milhões de votos) e 2002 (19,4 milhões de votos).

Apesar de o Sudeste ser a região em que o PT mais perdeu votos na comparação com a eleição de 2014, esse também foi o local em que Haddad mais cresceu no segundo turno. No Rio de Janeiro, a votação do petista mais que dobrou. Em São Paulo, foi cerca de 90% superior.

Já Bolsonaro cresceu de forma equivalente em quase todo o país de 7 a 28 de outubro.

O gráfico abaixo mostra quantos votos cada candidato ganhou, entre o primeiro e o segundo turno

O resultado da votação em cada região do Brasil

O resultado do primeiro turno foi 55,13% para Jair Bolsonaro e 44,87% para Fernando Haddad. Veja abaixo qual foi a proporção para cada região do Brasil:

- Exterior: 71% Bolsonaro, 29% Haddad

- Sul: 68,3% Bolsonaro, 31,7% Haddad

- Centro-Oeste: 66,5% Bolsonaro, 33,5% Haddad

- Sudeste: 65,4% Bolsonaro, 34,6% Haddad

- Norte: 51,9% Bolsonaro, 48,1% Haddad

- Nordeste: 69,7% Haddad, 30,3% Bolsonaro

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