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Ministros do STF vão "aguardar providências" sobre escuta clandestina

Claudia Andrade<br/> De Brasília<br/>

01/09/2008 17h54

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se reuniram na tarde desta segunda-feira para tratar da denúncia de grampo telefônico envolvendo o presidente da Côrte, Gilmar Mendes. Pela manhã, Mendes se reuniu com o presidente Lula para tratar da mesma questão e saiu do encontro sem falar com a imprensa.
  • Sergio Lima / Folha Imagem

    Garibaldi Alves, Tião Viana e Demóstenes Torres, saem do Senado rumo à reunião com Lula



Agora à tarde, após a reunião de dez ministros (a ministra Carmen Lúcia não compareceu), também não houve entrevista, mas a assessoria de comunicação do Supremo divulgou uma nota na qual os ministros dizem que vão "aguardar as providências necessárias". A assessoria também informou que a ministra Carmen Lúcia, que se encontra em Minas Gerais resolvendo questões pessoais, avisou que seguiria qualquer decisão que a Côrte tomasse.

A denúncia de escuta clandestina foi divulgada pela revista "Veja" dessa semana. Nela foi reproduzido um diálogo entre o ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que teria origem na ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). O senador já se manifestou sobre o assunto e exigiu a demissão do responsável. O presidente do Senado, Garibaldi Alves, também informou que aguarda uma posição do presidente Lula. A expectativa é que as medidas do Planalto sejam anunciadas ainda hoje.

Caminhos da investigação
Os dois senadores se encontraram com o presidente esta tarde. O senador Tião Viana (PT-AC), que também teria sido vítima de grampos telefônicos ilegais, esteve no encontro, assim como o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Segundo Demóstenes, o general está trabalhando com três hipóteses.

Uma delas é que agentes da ABIN seriam realmente os responsáveis pela escuta ilegal. A outra envolve um aparelho de escuta que teria sido adquirido pelo Senado Federal, o que mudaria a origem do grampo, que até agora apontava para os telefones do Supremo Tribunal Federal.

Uma terceira hipótese é a de que os grampos favoreceriam banqueiro Daniel Dantas e o investidor Naji Nahas, acusados de envolvimentos em crimes financeiros. O grampo seria uma forma de desmoralizar a ABIN e também a Polícia Federal, responsável pelas investigações que envolvem Dantas e Nahas.

"Há a suspeita, inclusive, de que jornalistas estariam na caderneta de pagamentos do Dantas", disse o senador Demóstenes.

Leia a íntegra da nota que foi lida aos jornalistas pelo secretário de comunição do supremo:

"O Supremo Tribunal Federal reunido em conselho foi informado por seu ministro-presidente do teor do encontro ocorrido nesta data com o excelentíssimo senhor Presidente da República e decidiu aguardar as providências exigidas pela gravidade dos fatos"