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Tarso Genro diz que PF trabalha com três hipóteses para escândalo das escutas

Juliana Castro<br>Do Rio de Janeiro

04/09/2008 20h11

Logo após enviar à Casa Civil um projeto de lei que prevê penas mais duras para servidores públicos que se envolverem em grampos telefônicos ilegais, o ministro da Justiça, Tarso Genro, revelou também nesta quinta-feira (4) que a Polícia Federal trabalha com três possibilidades para o escândalo das escutas praticadas pela Agência Nacional de Inteligência (Abin).

"A primeira possibilidade é uma terceirização, ou seja, uma articulação política de alguém de dentro da instituição [Abin] que tenha contratado alguém de origem privada para fazer o grampo. O que lamentavelmente é viável", disse o ministro, após discursar em um fórum na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

"Outra possibilidade é que uma pessoa da própria agência tenha desviado sua conduta de forma irregular. E a terceira é que outra agência deliberadamente tenha feito um contato por fora para fazer a escuta para, mediante coação e chantagem, criar alguma instabilidade política, alguma crise", completou.

Reportagem da revista "Veja" desta semana traz uma transcrição de um diálogo entre o presidente do Supremo Tribual Federal, o ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) que teria sido grampeado pela Abin. "Isso é uma petulância", reforçou Tarso Genro.

A cerca das maletas da Abin que poderiam servir de escuta telefônica, o ministro da Justiça se esquivou. "O que eu falei é que tem que se fazer uma perícia que determine que equipamento é aquele", afirmou. Os equipamentos estão sendo vistoriados por uma comissão de engenheiros e técnicos do Comando do Exército.

Nazismo e ditadura

O líder do PSDB no Senado, Arthur Vigílio (AM) também esteve presente ao evento no BNDES e comparou o escândalo das escutas à ditadura e ao nazismo.

"Considero ultrajante que as conversas dele [Gilmar Mendes] tenham sido escutadas por quem quer que seja. Isso é uma ameaça ao próprio presidente da República. Não quero que a Abin torne-se uma SS [exército nazista] sem Hitler", esbravejou.

"A Abin veio para substituir aquela coisa asquerosa da ditadura que era o Serviço Nacional de Informação, não veio para ser uma instituição asquerosa também. A Abin veio para informar o presidente da Repúlica sobre ameaça de greve de trabalhadores, dar dados para o presidente, se tem ou não alguém da Al Qaeda por perto...", completou o senador, que não tem dúvidas ao afirmar: "Sim, já devo ter sido grampeado também".