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Especialista avalia que representação do negro na mídia ajuda a elevar auto-estima

Ana Luiza Zenker<br/> Da Agência Brasil<br/> em Brasília

20/11/2008 09h50

Para o especialista em pesquisa de mercado e tendências do consumidor Fábio Mariano Borges, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, a mídia tem exercido um papel importante no aumento da auto-estima dessa parcela da população, que leva a um incremento no percentual de pessoas que se declaram pretas e pardas.

"Eu destaco não somente as políticas públicas, mas principalmente uma ação que tem acontecido na própria mídia, em especial nas emissoras de televisão, em procurar ter nas sua programação jornalistas, repórteres, apresentadores e principalmente atores negros", afirma.

Na opinião do professor, de dez anos para cá se observa uma presença mais forte de atores negros em papéis que não são só de empregado ou bandido. "Quando a gente tem essa figura do negro apresentado para nós de uma forma respeitosa e de uma forma humana, é bem verdade que isso vai aumentar a auto-estima sim".

Essa mudança, destaca Borges, tem impacto também no mercado, que traz cada vez mais produtos específicos para esse segmento da população, que já responde por 49,5% do total.

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"Isso vai provocar, claro, o desejo e o interesse por produtos que estão dirigidos para eles. O que acontecia antes é que a gente tinha um leque, uma oferta muito menor desses produtos dirigidos para o público negro e pardo e também o próprio consumidor não se sentia confortável, orgulhoso, nem da cor da sua pele nem da sua raça e muito menos com desejo de consumir um produto desses", explica.

Ele destaca que, com o aumento da auto-estima dessa faixa da população, também cresceu um mercado voltado especialmente para produtos de beleza que destacam as características da mulher e do homem negros.

Fábio Borges lembra que desde o início do Plano Real também se percebe um aumento no poder de compra desse segmento. "Se isso atingiu toda a população, isso claro atingiu também a parte que pertence à raça negra e que está numa situação mais estável e motivada para o consumo. Por outro lado, as empresas, motivadas por essa auto-estima, colocam produtos diretamente para os negros no mercado."

No entanto, o professor acredita que esse é um mercado que ainda está muito longe de um patamar de estabilização, pois ainda tem muito espaço para crescer, principalmente se comparado com ao espaço dado a produtos para negros em países como Estados Unidos. "A gente nota que o que se está passando aqui no Brasil é só uma introdução", conclui.