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Serviço militar no Brasil é pouco obrigatório, aponta Mangabeira Unger

Flávia Villela<br>Da Agência Brasil<br>No Rio de Janeiro (RJ)

21/11/2008 17h42

O Ministro Extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, afirmou hoje (21) que o serviço militar obrigatório brasileiro faz com que as Forças Armadas sejam compostas apenas de jovens trabalhadores pobres. "A verdade é que o serviço obrigatório hoje é pouco obrigatório e não representa todas as classes e todas as regiões do país", disse.

Mangabeira disse que a estratégia de defesa do Brasil prevê o aprofundamento do serviço militar obrigatório. "Em uma sociedade tão desigual como a nossa, o serviço militar pode ser um espaço republicano no qual a nação encontre-se acima das classes, para que haja coesão social", defendeu o ministro. Ele também salientou que a base mais segura de nossa defesa é a identificação da Nação com as Forças Armadas.

Segundo o ministro, a educação é outro elemento fundamental na estratégia de defesa, que, em sua opinião, deve ter padrões nacionais de investimento e de qualidade. "O método deve ser analítico e não informativo, a prática deve ser cooperativa e não a combinação de individualismo e autoritarismo que marca nosso ensino hoje, com uma visão única do assunto abordado".

Durante sua intervenção sobre a Nova Estratégia de Defesa do Brasil, na 5ª edição da Conferência Internacional do Forte de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, Mangabeira informou que o Plano Estratégico de Defesa Nacional, que deve sair do papel até o fim de dezembro, baseia-se principalmente na busca da independência tecnológica, espacial, cibernética e nuclear, bem como na reconstrução das Forças Armadas e na criação de uma cultura militar de vanguarda que mobilize a sociedade.

"São muitos os obstáculos. Nós no Brasil nos sentimos pequenos e esse é um projeto que exige grandeza. É preciso fomentar muitas grandes e pequenas rebeldias individuais e coletivas, aliadas à imaginação", completou ele.

Sobre um plano de defesa nas fronteiras do país, Mangabeira anunciou que na próxima quarta-feira (26) ele se reunirá em Brasília com os Ministros de Planejamento e Desenvolvimento de todos os países amazônicos da América do Sul para discutir as grandes diretrizes de um projeto de desenvolvimento sustentável includente da Amazônia, com iniciativas comuns entre as nações.

Para ele, no entanto, o mais importante é discutir o próprio conteúdo do projeto de desenvolvimento da Amazônia para superar "o caos fundiário que existe lá hoje, onde a pilhagem e a violência são mais atraentes do que a preservação ou a produção".