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Lula se diz convencido de que biocombustíveis vencerão debate sobre energia

Da Agência Brasil

24/11/2008 08h21

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse "convencido" de que o debate internacional sobre matrizes energéticas será vencido pelos biocombustíveis. Depois de participar da 1ª Conferência Internacional de Biocombustíveis, em São Paulo na última semana, ele afirmou que a tecnologia gera empregos, recupera terras, não polui e apresenta maior produtividade.

Em seu programa semanal "Café com o Presidente", Lula destacou um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) comparando automóveis movidos a álcool e a gasolina - ambos da mesma marca, com o mesmo motor e analisados sob as mesmas condições de velocidade e de tempo.

O resultado, segundo ele, é que o carro a gasolina emitiu 8,5 vezes mais CO2 (gás carbônico). Na mesma comparação mas com caminhões, o Inmetro concluiu que o veículo movido a óleo diesel emitiu 5,3 vezes mais CO2. "Esse é um debate que não parou ainda, que vai continuar, mas é um debate por meio do qual queremos convencer as pessoas", disse Lula.

O presidente lembrou que o Brasil já construiu uma sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Acra, capital de Gana, e que o objetivo é realizar um estudo em todo o território africano de savanas. De acordo com ele, há planos para que o mesmo seja feito em países da América Central.

"Sobretudo para os Estados Unidos, que são grande consumidor de etanol, seria muito melhor que comprassem o etanol dos países da América Central e do Caribe, porque ajudaria a desenvolver esses países, geraria emprego, geraria renda e ajudaria as pessoas a viver um pouco melhor".

Mundo irá 'se curvar' ao biocombustível
O presidente disse que o mundo irá "se curvar" ao biocombustível e que isso seria apenas uma questão de tempo. Para ele, o encontro teve "êxito total e extraordinário" com a participação de cerca de 100 delegações, quase a metade representada por ministros.

Segundo ele, há uma "quase unanimidade" de que o mundo precisa apostar em uma nova matriz energética. "Sabemos que o mundo precisa produzir mais biocombustível, que é preciso diminuir a emissão de gases de efeito estufa e que, para isso, não podemos usar a mesma quantidade de petróleo que estamos utilizando", disse.

Lula lembrou ainda que, em dezembro deste ano, o país comemora a produção de 7 milhões de automóveis flexfuel (veículos capazes de funcionar tanto com álcool quanto com gasolina), tecnologia, segundo ele, "aprovada e comprovada" de que os mesmos motores, mesmo utilizando álcool, têm bom rendimento.

"Além disso, já estamos trabalhando a produção de etanol de segunda geração, o que é uma coisa mais importante, porque vamos poder produzir etanol de cavaco de madeira e de bagaço de cana. Temos que fazer um debate internacional. Não é uma coisa fácil as pessoas mudarem, mas acho que o Brasil, com esse seminário, saiu na frente."

Uma "grande confusão
Sobre uma possível relação entre a alta nos preços dos alimentos e a produção de biocombustíveis, Lula afirmou que, muitas vezes, as pessoas tinham como objetivo criticar o etanol produzido de milho nos Estados Unidos e que então "generalizavam" tudo, criando uma "grande confusão".

"Acho que as pessoas se convenceram de que o Brasil e o mundo têm terra, água e sol para produzir biocombustível e para produzir alimento. Na verdade, o que não se disse na época é que o aumento dos alimentos acontecia porque havia uma especulação no mercado futuro de alimentos e a gente estava pagando o preço da especulação e não o preço real."