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Em Pernambuco, Lula pede para população 'consumir ao invés de investir na poupança'

Pedro Moreira<br>Especial para o UOL Nótícias<br>Em Recife (PE)

02/12/2008 20h03

Disposto a manter o clima "alto astral" sempre que o assunto é a crise financeira internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a visita ao Estado de Pernambuco, sua terra natal, onde participou do 9º Fórum dos Governadores do Nordeste, para defender o crescimento econômico do país. Lula voltou a pedir que "o povo consuma ao invés de colocar o dinheiro na caderneta de poupança".

Durante o Fórum, que contou com a participação de todos os governadores do Nordeste e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo (Aécio Neves e Paulo Hartung, respectivamente) e de oito ministros, o presidente sugeriu que os Estados da região prorroguem o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por pelo menos 45 dias, de modo a criar capital de giro para as pequenas e médias empresas.

Governadores discutem reforma tributária e crise econômica em PE

A reforma tributária está prestes a ser votada pelo Congresso Nacional, mas os governadores ainda esperam poder alterar a proposta para que os Estados não sejam prejudicados. Representantes de diversos Estados estão hoje (2) em Recife para participar do 9º Fórum de Governadores do Nordeste, que também conta com a presença
do presidente Lula

Em seu discurso aos governadores, Lula destacou que o Brasil tem 40% do crédito disponível nos bancos públicos, a exemplo o BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. Para o presidente, a "vantagem" do Brasil é que apenas 13% do seu PIB (Produto Interno Bruto) é proveniente de exportações.

O argumento foi utilizado pelo presidente ao comparar o país com economias mundiais como a China, onde este percentual chega a 40%. "O Brasil tem uma garantia maior, porque exporta para países emergentes e tem um setor empresarial forte", afirmou.

Ainda segundo Lula a queda do preço das commodities vem sendo compensada pela valorização do dólar. "Atingimos setores fundamentais para o desenvolvimento do país, como o automobilístico, construção civil, financiamento para pequenas e médias empresas e agricultura", enfatizou Lula.

Na avaliação do presidente, o grande problema está em como a sociedade está recebendo informações sobre a crise. "O trabalhador comum que pensa em comprar um carro, por exemplo, vai preferir guardar o dinheiro. Mas se ele fizer isso ele acaba contribuindo com a desaceleração da indústria", disse o presidente.

Metas
Durante o encontro, Lula propôs aos governadores novas metas para saúde e educação. A idéia do governo federal é aumentar a cobertura do programa Saúde da Família. O presidente quer que os governadores acolham esse compromisso. O objetivo do programa é reduzir a mortalidade infantil e o analfabetismo. Questionado pelos participantes, o presidente assegurou que os projetos previstos para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e as ações sociais do governo não serão afetados com a crise.

Escalada para "acalmar" os governadores, detalhando as ações previstas pelo PAC para a região, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez uma apresentação. De acordo com a ministra, o PAC reúne ações, projetos e obras que somam mais de R$ 1 trilhão em investimentos na região. A maior parte deles será efetuada até dezembro de 2010, quando termina o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pelo levantamento apresentado por Dilma, o próximo presidente da República herdará em investimentos pós-2010 R$ 474,8 bilhões. Isto significa 151% a mais do que era previsto inicialmente (R$ 182 bilhões), na época do lançamento do PAC. Este crescimento, de acordo com a ministra, tem relação direta com a implantação de projetos novos, especialmente nas áreas de transporte e infra-estrutura.

Manhã
Pela manhã, Lula participou do lançamento do projeto Território da Paz - que faz parte do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) - no bairro de Santo Amaro, região central do Recife. O bairro é uma das áreas com maior índice de criminalidade da capital pernambucana. O projeto, desenvolvido através de uma parceria entre os governos estadual e federal, vai desenvolver 29 ações voltadas à educação, esporte, lazer para o local, atendendo a cerca de 400 crianças e jovens.

Durante o evento, o presidente quebrou várias vezes o protocolo para se aproximar de populares que gritavam seu nome e acenavam. Em um dos momentos mais descontraídos, Lula pediu ao rapper MV Bill que cantasse. O músico improvisou um rap que falava sobre o combate à violência.

No final de seu discurso - no qual enfatizou diversas vezes que "governa para os pobres" - o presidente afirmou que esperava "ser cobrado" pela população e que "em 2010 voltaria para conversar sobre os resultados obtidos pelo programa".

Lula e sua comitiva participaram também da entrega de casas populares construídas através de uma parceria entre a União e a prefeitura local, no município de Olinda.


Especial para o UOL Nótícias
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